Um Carnaval extremamente hilariante…
Hoje é Quarta-Feira de Cinzas, e os portugueses e portuguesas preparam-se para a penitência dos seus pecados, até à Páscoa. Para trás ficou um dos mais hilariantes Carnavais de todos os tempos, só comparável em dimensão à crise em que estamos mergulhados.
Tudo começou quando o Ministério Público resolveu impedir o Carnaval de Torres Vedras de mostrar o inefável Magalhães, o tal computador que se pretende à viva força que seja português, com umas imagens heterodoxas. Aí o pessoal desatou a rir à gargalhada, pois num país que se pretende na vanguarda da Europa praticou-se um acto digno da Idade Média.
Ainda os portugueses estavam agarrados à barriga a rirem-se sem parar, eis que chega a notícia de que a inefável Margarida, Directora Regional da Educação do Norte tinha imposto à Escola de Paredes de Coura a obrigação de terem de fazer o cortejo carnavalesco contra a opinião do Conselho Pedagógico. Aí os portugueses que estavam em vias de perderem motivos hilariantes, pois o Ministério Público recuara no caso Magalhães, voltaram a agarrar-se à barriga, contorcendo-se sem parar perante mais uma manifestação de prepotência do Ministério. E mais se riram quando a dita senhora, campeã dos actos da Ministra, perante a justa indignação dos professores, que desfilaram de luto, veio declarar que nada lhes tinha imposto, só que o cortejo tinha que se fazer.
O pobre do Zé-Povinho a recuperar, foi mais uma vez desinquietado para se atirar para o chão a rir, quando se soube que um Comissário da Policia em Braga resolveu apreender uma série de livros, concretamente a obra Pornocracia, de Catherine Breillat porque continha a obra prima de Gustave Coubert A criação do Mundo na Capa, na Feira do Livro. A explicação era a de que a dita obra poderia levar ao desvio de menores. Aí o pobre do Zé-Povinho já pedia que o poupassem a tanto dislate porque a barriga já lhe doía com um tão grande fartote de rir, e que só aumentou quando os livros foram entregues à procedência.
Mas o pobre do Zé-Povinho ainda não estava protegido de mais asneirada hilariante. E foi assim que foi confrontado com a sentença que condenou o corruptor do caso BragaParques ao pagamento de 5000 euros, chamando-lhe corrupção activa para acto lícito. Baseou-se o augusto tribunal para pena tão curta no facto de que o criminoso ter subido na vida a pulso, para estar em condições de naturalmente poder afirmar como ele próprio o fez: Nisto não sou virgem (...) Conforme faço uma escriturazinha rapo dois mil euros aqui, 10 mil acolá. (...) Ponho isto num cofre para a gente ir fazendo umas ratices.
O Zé-Povinho pode rir sem fim, mas só pode ter uma enorme dor de barriga em consequência, pois todos estes factos mostram o estado de degradação a que chegou o Estado da Nação. Baseando-se em pressupostos autoritários, as estruturas que deviam aplicar as leis que existem para situações semelhantes, praticam actos à sua margem, e depois seraficamente pretendem dizer que foi tudo um engano. No fim de contas um país em que se acaba de saber que 72 000 (!!!) empresas não têm trabalhadores, e ninguém acha tal facto esquisito, nem digno de inquérito público, alguma coisa vai mal, muito mal.
A burguesia clientelar portuguesa, submissa ao Imperialismo tal como no tempo do Fascismo, não se coíbe de praticar os actos mais levianos na defesa dos seus interesses. Cabe aos trabalhadores não acharem graça nenhuma a tais actos, e imporem as soluções que se exigem.
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