Partido Comunista Português: Partido Neo- Estalinista?
O posicionamento político singular do Partido Comunista Português corre o risco de fazer ainda correr muitos litros de tinta na nossa comunicação social. Espera-se até que essas importantes contribuições traduzam a profunda frustração dos articulistas pelo facto de mais uma vez o PCP se recusar a participar numa operação de refundação do Capitalismo, e de branqueamento dos crimes por este cometidos, entendidos como os pressupostos que estiveram na origem do colapso financeiro do Sistema, e que já levou ou vai levar a prazo à miséria largos milhões de trabalhadores.
Como expressão destas frustrações está o artigo de São José Almeida no Público neste Sábado, dia 6 de Dezembro, intitulado Parabéns, dr. Álvaro Cunhal, aonde a articulista afirma que o PCP é um Partido neo-estalinista. Estas afirmações de carácter hilariante ainda vão dar muito que falar. E porquê tal afirmação? Porque o PCP no seu XVIII Congresso:
· Denunciou, demonstrando como a politica de Mikhail Gorbachev enquanto Secretário-Geral do PCUS foi uma politica de traição aos interesses dos povos da União Soviética em particular e do Mundo em geral. Esta afirmação do PCP só pode ser estranha para quem não conhece as declarações do próprio Gorbachev, que já declarou preto no branco que esse era o seu objectivo quando assumiu o lugar de Secretário-Geral. Ou seja o homem estava mesmo decidido a aldrabar-nos a todos e completamente, e colocar-se ao serviço do Imperialismo.
· Assumiu claramente o seu papel de vanguarda de partido da classe operária e de todos os trabalhadores, defendendo que não há melhoria das condições destes se não houver políticas que claramente espelhem essa vontade dos trabalhadores de melhorarem as condições de vida. E que assim o PCP se recusará a fazer alianças com quem não disponível para atingir este desiderato, e a lançar para debaixo do tapete anos a fio de política de Direita.
Esta segunda questão traduz o horror dos nossos políticos visceralmente burgueses em assumir que quando nas várias instâncias de organização politica dizem estar a defender os trabalhadores, têm de ter em conta as suas aspirações e objectivos, e actuar enquanto tal; pois embora se declarem ao serviço dos trabalhadores, na verdade estão tão só a procurar rebaixar os interesses dos trabalhadores a níveis que não ponham em causa a estrutura sacrossanta do Capitalismo. E para eles surge esta realidade insofismável: o PCP não tripudia sobre os interesses dos trabalhadores para obter benefícios para os seus dirigentes, cumpre as suas aspirações mais profundas, e vai mais longe, procura que essas aspirações assumam a suprema dignidade de serviço público.
Mas o que São José Almeida talvez não saiba ou não esteja interessada em saber, é que este neo espírito do PCP já vem de longe. Está inscrito no pensamento de Marx, Engels e Lenine; foi amplamente praticado pelos camaradas da III Internacional, da qual somos orgulhosos sucessores; e duma maneira ou de outra acompanhou-nos sempre durante todo o Século XX, na vitória na Batalha de Berlim, esmagando definitivamente o Nazi-Fascismo, na vitória na luta anti-colonial, na vitoria na Guerra do Vietname, e outras manifestações, mau grado os trânsfugas como Mikhail Gorbachev que hoje vêm comer os sobejos do banquete Imperialista à mão dos seus donos.
O PCP não tem medo de labéus. Porque o que contará no futuro é dar satisfação às aspirações dos trabalhadores, e cumprir o destino histórico da Classe Operária, visto ela existir, embora às vezes tenha alguma dificuldade de se assumir como tal.
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