A montanha pariu um rato…
A luta dos professores pela sua dignidade profissional constitui um dos aspectos mais marcantes da vida politica nacional destes tempos. Na passada semana perante uma classe profissional que não se demite de defender o serviço público, e pôr termo a um conjunto de decisões politicas abstrusas, o Governo tocou a reunir e fez uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.
Sabendo-se que o tema era a revolta dos professores, perguntava-se que grande medida de fundo iria sair daquele conclave. Pensou-se que seria a demissão da ministra, depois do chorrilho de asneiras que promoveu… em nome do Governo. Foi uma espera angustiante.
Quando o Conselho terminou fomos todos informados que afinal tudo estava bem e que se recomendava, só que aquela estranha decisão de que professores de Humanidades podiam avaliar colegas de Ciências Físico-Químicas, ou professores de Educação Física podiam avaliar professores de literatura Portuguesa, iria ser alterado.
E foi assim que um Ministério que se lançou desde o inicio numa cruzada contra os professores, abundantemente declarando que eles eram incompetentes, e que promoveu na opinião publica o maior ódio possível à cultura de que há memoria, promovendo na Internet declarações contra os professores por indivíduos totalmente desqualificados pelas opiniões que emitem, tem de vir confessar a todos os portugueses que os seus níveis de incompetência são muito maiores, pois promovem decisões que não lembram ao diabo, e que na pratica levam ao total abastardamento da educação. Mas senhores, eles têm o Poder, e isso faz com que estejam naturalmente absolvidos de tomarem as decisões políticas que tecnicamente são um desastre.
Claro que perante tanto disparate os professores não se renderam. E isso é tanto mais necessário quando é urgente estabelecer que os políticos antes de se porem a fazer afirmações disparatadas cumprissem o princípio do estado de direito democrático de que todos são inocentes até julgados culpados. Aplicado a esta questão, todos os professores são competentes, para isso se prepararam, até que numa avaliação justa e como tal reconhecida pelos próprios, alguns venham a ser considerados incompetentes. E não é justo que se estabeleçam quotas de níveis de competência, porque isso é hilariante; e que se pretenda avaliar individualmente à margem da avaliação das escolas aonde se presta serviço, e das condições que são propiciadas. E se alguma deficiência de formação existe, então será conveniente que se passe a responsabilidade aos que formaram os professores, e aos agentes do Ministério que nunca souberam ter uma politica adequada de formação de professores.
Na verdade todo este exercício o que se pretende é gastar cada vez menos dinheiro na Educação, nem que para isso se tenha de declarar incompetente todo um corpo profissional indispensável para nos fazer sair do subdesenvolvimento crónico. E é contra isto que está a defesa do serviço público pelos professores, do impedir que se transformem em comissários políticos ao serviço de interesseis que não são os da formação cidadã dos alunos.
Como afirmou Santana Castilho no jornal Público (26 de Novembro): É tempo de fazer o que tem que ser feito e não ceder. As falsas vestais já se movem, seráficas, em beatíficos apelos à paz. Mas quem fez a guerra e a perdeu é que tem que ceder. Não deve ceder a força da razão. Deve ceder a razão da força. Capitula quem perdeu. Não capitula quem ganhou.
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