Questões de liderança: em defesa de Sarah Palin
Nas semanas que se seguiram à eleição de Barack Obama para a presidência dos USA, já não se podia aturar a leitura dos jornais, que davam conta do esforço de largos sectores do Partido Republicano em responsabilizarem Sarah Palin, a sua candidata à Vice-Presidência, pela perda da eleição, devido à ignorância de temas políticos que demonstrara na campanha. Por outro lado outros largos sectores do mesmo Partido já pensavam nela para as eleições de 2012.
A Governadora Sarah Palin mostrou na campanha ser uma força da natureza, que sobreviveu ao frio do Alaska, e aterrou no resto do território conseguindo mobilizar a Direita mais reaccionária para o seu voto. Mostrou que gostava de cultivar a ignorância, o disparate, o ódio a Ciência e à Cultura, tal como elas são entendidas pelos espíritos mais avançados. Mas não vale a pena crucificá-la, porque ela foi indicada por isso memo, por ter qualidades que são as dum largo sector das populações dos Estados do interior, os mesmos que de forma tacanha votaram John McCain. O que aconteceu, foi que ao pretenderem dar aos americanos uma candidata que fosse a sua real imagem e semelhança, os estrategas de McCain levaram os americanos a verem-se ao espelho, e eles não gostaram daquilo que viram, ou seja não gostaram da sua própria imagem.
Por outro lado alguns esforçados comentadores disseram que a senhora era um desastre, e que não os levaria a parte alguma. Mas a pergunta que se coloca é a seguinte: será que a Direita, perfeitamente enfeudada aos mais negros interesses do capitalismo especulador, teria alguém capaz de os salvar do colapso financeiro? Ou posto de outra forma, será que o capitalismo nesta sua fase tem saída, mantendo o poder dos banqueiros como poder de referência, e será que terá quadros para atingir tal desiderato?
Evidentemente que a resposta é não. Por mais que a Direita se esforce, é particularmente obvio que a situação só melhorará se algumas decisões tomadas mais recentemente para aumentar a capacidade de circulação do capital especulativo forem invertidas, e forem atribuídos meios a todos aqueles a quem foram retirados meios de sobrevivência. E isto significa que quem as tomar não poderá estar enfeudado total ou parcialmente à anterior ordem capitalista. Mesmo que se pretenda regenerar a exploração, criando a ideia de que agora vai ser tudo muito ético, isso só poderá ser feito por quem tiver credibilidade para isso. Ora todos os actuais mentores do capitalismo, naturalmente uns mais do que outros, estão comprometidos com o colapso.
E quem se salva para a Direita tentar sobreviver? Pois a Governadora do Alaska, Sarah Palin, que vai ter de fazer um esforço para se tornar mais sabedora, visto que perdida no meio do gelo não participou directamente nas grandes negociatas, embora tenha participado noutras semelhantes no Alaska que lhe dão boas credenciais para o futuro. Isso já ela começou a fazer na reunião dos governadores estaduais republicanos, e nas entrevistas que deu, aonde já disse que estará disponível para um novo fôlego reaccionário. Para isso tem a sua belíssima imagem, aonde qualquer trapinho lhe fica bem, um sorriso desarmante, e o resto vai-lhe ser ensinado pelos assessores. Com tanta beleza a rodos, vamos com certeza apaixonarmo-nos por ela… e derrotá-la. Cá estaremos para ver Sarah Palin 2012.
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