segunda-feira, 21 de julho de 2008

Internacionalismo Militante (I)


Apoio à Acção do Povo Colombiano
O International Action Center (IAC) é uma organização sediada no Estados Unidos da América, fundada por Ramsey Clark, ex-Procurador Geral dos USA, que tem por fim informação, activismo e resistência contra o militarismo estadunidense, a guerra & ganância dos grandes interesses económicos, ligando com as lutas contra o racismo e opressão dentro dos USA.

O IAC apela à solidariedade com o Povo da Colômbia na sequência da aceleração da repressão sobre os trabalhadores nas últimas semanas, que incluiu o assassinato de dois sindicalistas e do filho de um deles de 10 anos de idade. Nos últimos 20 anos mais de 4000 sindicalistas foram assassinados, e 4 milhões de pessoas foram deslocados dos seus lares devido à guerra contra as populações e o movimento social associado, declarada pelo imperialismo e executada pelo regime proto-fascista de Bogotá, e.g. o governo de Álvaro Uribe.

Na sequência deste apelo, o Tribunal Permanente do Povo, fundado em Junho de 1979 em Itália, como sucessor do Tribunal Internacional dos Crimes de Guerra Bertrand Russell de 1967, que reuniu para expor os crimes contra o povo do Vietnam, reunirá em Bogotá, de 21 a 23 de Julho, com o apoio do sindicato SINALTRAINAL, que representa trabalhadores da Coca-Cola, e outras organizações progressistas. A sua agenda é “Corporações Transnacionais e Crimes contra a Humanidade”, e destina-se a fazer o levantamento da situação socio-política na Colômbia para a expor urbi et orbi.

A presente actividade mostra claramente que a acção popular na Colômbia está muito para além da actividade das FARC, sendo certo que esta não é a única organização que se reivindica do Marxismo-Leninismo. Aliás seria da máxima conveniência que os comunistas encontrassem na Colômbia uma plataforma comum e uma organização única, para conduzir o povo colombiano à vitória contra um regime criminoso, que utiliza todos os meios para se perpetuar no poder, incluindo o terrorismo de Estado. O último exemplo destes tristes factos é o esforço de Uribe em torcer a Constituição que o impede de ter mais mandatos, e pretender fazê-lo através de referendos ilegais, porque contrários aos limites materiais de alteração dessa mesma Constituição. E tenta fazê-lo branqueando as actividades das milícias paramilitares, os quais, esses sim, desenvolvem o narcotráfico e assassinam os trabalhadores.

A última acção contra as FARC que permitiram a libertação de um grupo de reféns à cabeça dos quais estava Ingrid Betancourt, é um exemplo magnifico do trabalho conjugado das agências internacionais de inteligência, com a CIA à cabeça, mas com contribuições excelentes dos serviços secretos franceses, e os serviços israelitas, e executados pelos lacaios locais do imperialismo. Como se pode ver pelas fotografias, Ingrid Betancourt da qual se dizia estar às portas da Morte, emergiu sã como um pêro, e capaz de receber sem grande esforço o grau de Cavaleiro da Legião de Honra francesa. Esta acção mostrou fraquezas graves do movimento revolucionário e há que lhes pôr cobro.

A solidariedade internacional com o povo da Colômbia tem de continuar, e.g. com esta acção do IAC aqui assinalada, e que contribuirá para o desenvolvimento das forças que visam o socialismo na América Latina.

sábado, 19 de julho de 2008

Aniversários Marcantes (I)


Feliz Aniversário, Madiba!
Com o atrazo de um dia, Cosmosophia Portucalensis sauda o XC aniversário de Nelson Mandela, um dos maiores políticos do Século XX, pela sua importante contribuição para conquistas civilizacionais dos povos africanos.

Nascido a 18 de Julho de 1918, Nelson Mandela após atingir a idade adulta, combateu sem desfalecimento o criminoso regime do Apartheid, uma excrecência do colonialismo, que permitiu aos brancos da Africa do Sul manterem previlegios sem par, ao mesmo tempo que negavam toda a dignidade humana não só aos nativos, mas também a todos os que não fossem puros caucasianos, como na Alemanha nazi.

Nelson Mandela tornou-se a primeira figura do ANC, Congresso Nacional Africano, e do seu braço armado, Umkhonto we Sizwe. Preso a 5 de Agosto de 1962, com a ajuda dos serviços da CIA, e após dois julgamentos, no último dos quais arriscou a pena de morte, foi transferido para a prisão de Robben Island.

Libertado em 11 de Fevereiro de 1990, Nelson Mandela dedicou o seu tempo a construir a nova Africa do Sul, livre da monstruosidade do Apartheid. Com a autoridade que lhe davam 27 longos anos de prisão, Nelson Mandela impediu que um banho de sangue de proporções monstruosas engolisse a Africa do Sul, expressão do legítimo direito dos povos que constituem a sociedade sul-africana a libertarem-se da opressão dos Afrikaners. Se nem tudo está corrigido, muito se caminhou no sentido dos valores civilizacionais mais avançados.

Não deixa de ser caricato que os Estados Unidos da América, numa linha de tradição que lhe conhecemos, tenham considerado a legítima luta dos povos da Africa do Sul como terrorismo; e que só no principio deste mês de Julho tenham levantado a interdição a Nelson Mandela e aos membros do ANC de circularem livremente nos USA. São estes os caminhos ínvios do Imperialismo, que não respeita a vontade dos povos, nem os estados que estes configuram.

Mas para nós os que lutámos contra o Fascismo e o Colonialismo a figura de Nelson Mandela é exemplar, e perdurará na nossa memória como símbolo e fonte de inspiração da luta libertadora de todos os povos per omnia secula seculorum. E por isso cabe-nos dizer com a ternura dos povos sul-africanos

Vive muitos anos, Madiba! Queremos continuar a ver-te vivo e actuante entre nós!

domingo, 13 de julho de 2008

Nascimentos Aristocráticos (I)



Vivam os bébés Brangelina!!!


Cosmosophia Portucalensis sauda a chegada a este mundo dos gémeos heterozigóticos Vivienne Marcheline e Knox Leon, filhos da famosa dupla Brangelina (Angelina Jolie + Brad Pitt), que sejam dignos filhos deles, e que em honra dos progenitores façam muitas fitas. Aproveita para saudar os pais, brilhantes estrelas de cinema e cidadãos exemplares, e o avô materno, Jon Voight, que acompanha na sua felicidade.

Cosmosophia Portucalensis faz votos que o pai volte rapidamente ao convívio dos plateaux, (a mãezinha pode ficar também em casa, que diabo!!!), cuja falta já se faz sentir.
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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Reflexões Estratégicas Domésticas (II)


28 de Junho: Alternativa política e política alternativa

Há alguns anos um amigo inglês dizia-me que era surpreendente a vitalidade da acção de massas na vida politica nacional, que nunca parara desde o 25 de Abril. Ele ainda não tinha visto tudo. Nesse tempo o povo português lutava contra políticas de direita promovida pelo grande patronato e patrocinadas pelo Partido Socialista, que metera o socialismo na gaveta, embora não fosse tão obvia como hoje a adesão da social-democracia portuguesa, representada pelo Partido Socialista, à política de direita como planificador e executante dessa mesma política. Se estivesse por aí hoje ficaria ainda mais impressionado com a amplitude e a constância da luta.

Na verdade o que se passou há duas semanas com a aprovação do projecto do Código do Trabalho no Conselho de Concertação Social, constitui mais um passo atrás na nossa tão maltratada democracia, aonde os patrões continuam a pressionar para limitar cada vez mais a capacidade de acção dos trabalhadores, restringindo os seus direitos, civilizacionais, duramente conquistados ao longo de décadas, utilizando um Governo dito socialista para os roubar aos trabalhadores. E infelizmente essa aprovação contou com o apoio da UGT, que subordinou os interesses dos trabalhadores à gula do grande capital.

Este, para garantir a sua supremacia visa a manutenção das suas taxas de lucro, e para tal não se coíbe de pretender submeter toda a vida dos trabalhadores às necessidades das empresas; de estabelecer como e quando eles podem trabalhar, impondo uma flexibilidade obscena do horário de trabalho e das relações contratuais de trabalho nas empresas, permitindo que necessidades permanentes fossem satisfeitas por trabalhadores temporários, mantendo baixos salários; e criando regras mais limitadoras do exercício constitucional dos seus direitos sindicais, incluindo limitando o papel dos sindicatos na negociação colectiva, ela própria em risco de desaparecer. A ser aplicado este Código do Trabalho, os trabalhadores deixariam de ter vida própria, e ela passaria a confundir-se com os altos e baixos da produção; a vida familiar passaria a ser uma fábula; a capacidade de planificarem as suas próprias vidas, uma impossibilidade real, pois nunca saberiam quando, quanto e onde estaríamos empregados; a sua actuação colectiva seria posta em causa pela possibilidade de uns quantos colegas de trabalho estabelecerem individualmente relações laborais ao arrepio do que os seus colegas decidissem colectivamente.

Não é por isso surpreendente que a jornada de luta convocada pela CGTP-IN de forma descentralizada no passado dia 28 de Junho se tenha transformado numa magnifica expressão da vontade dos trabalhadores para que as malfeitorias do Governo a soldo do grande capital sejam lançadas no caixote do lixo da Historia. Não é possível que se continue a programar a vida social como se fosse natural que os indivíduos são primeiro trabalhadores e só depois cidadãos, e que a sua principal preocupação não é a qualidade de vida da sociedade aonde se inserem, mas sim e estritamente a das empresas aonde trabalham, e que, existindo tanto desemprego, devem estar agradecidos por terem um salário ao fim do mês. Ou seja não são as sociedades que contêm empresas que a ela se submetem, mas sim a sociedade que deve estar ao serviço das empresas, e submeter-se toda à gula destas. Esta actuação colectiva mostrou mais uma vez que os trabalhadores pretendem deixar claro que consideram que todas as tentativas de diminuir o papel das organizações sindicais, cuja acção tem por horizonte os interesses dos trabalhadores que representem, está votada ao fracasso, pois estas, aperfeiçoando-se permanentemente, são as que melhor respondem naturalmente às necessidades de direcção de luta dos trabalhadores.

Mas a gravíssima situação politica, social económica e política e cultural da sociedade portuguesa, implica a afirmação constante de que a luta para a derrota da implementação das políticas de direita, não se limita a impedi-las, mas contem em si o embrião da alternativa política exigida para a sociedade portuguesa, e o seu conteúdo de politica alternativa, e mostrando caso a caso como isto é urgente e necessário. E para tal é também urgente e necessário abjurar a ideia de que existe um pensamento e acção neo-liberais de esquerda. É urgente e necessário expor todos os que pensam ser possível uma política diferente desta, mas mantendo o quadro da sociedade de classes, neste seu estado terminal capitalista, fazendo recair sobre os trabalhadores os custos da recuperação económica à custa de todos os outros valores, enquanto os patrões continuam a engordar. E acima de tudo é urgente e necessário denunciar a acção dita sindical que pretende dar a ilusão de que estão a defender os interesses dos trabalhadores, mas de facto a congeminar formas sempre novas para os subordinar aos interesses do patronato, que não devem ser postos em causa, considerando primordial que os interesses dos trabalhadores se mantenham estritamente no quadro da sociedade de classes. É necessário conduzir uma luta ideológica continuada para retirar à acção nociva destas organizações os trabalhadores que nelas acreditam, por se recusarem a ver o carácter libertador das propostas efectivamente destruidoras da politicas de direita, e por acreditarem excessivamente na impossibilidade de destruição da sociedade de classes. Eles são trabalhadores como os outros e podem e devem ser recuperados.

A expressão da indignação popular a 28 de Junho, confirmando anteriores expressões igualmente significativas devem ser continuadas. Este Governo tem de ser derrotado. É necessário reforçar a acção popular de massas. E uma democracia avançada, e sustentada na acção colectiva dos trabalhadores, deve ser construída.