quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Cartas Escocesas (VIII)

BOAS FESTAS!!!
Chegou a época do ano dos encontros familiares. E porque estamos no fim do ano é o tempo dos balanços.
Cosmosophia Portucalensis nasceu há poucos meses. Porém sempre procurou estar na linha da frente do acompanhamento do que se foi passando pelo Mundo. E muito foi o que se passou: assistimos ao tropeçar catastrófico do sistema capitalista, com o seu cortejo de horrores não só no plano económico-financeiro, mas também nos planos social e ideológico, e ainda no plano energético e ambiental-ecológico. São questões que temos de desenvolver no próximo ano, para ajudar os processos de luta que com certeza vão crescer como cogumelos, procurando estar mais afoitamente em cima dos acontecimentos, melhorando significativamente em relação a este ano.
A festa do 25 de Dezembro começou por ser uma festa pagã dos Romanos, aonde estes celebravam a família. Depois foi absorvida pela Igreja Cristã e pasou a celebrar-se o nascimento de Jesus Cristo, que não nasceu quando dizem: nem a 25 de Dezembro, e sim no ano da graça 3 AC... Deve ser por isso que mesmo para quem não é cristão, mas se reivindica da herança greco-latina, o 25 de Dezembro é comemorado como a festa da Família.
Já a passagem do ano, tempo de balanço, é a altura para afirmarmos que não voltaremos a cometer os erros do passado, e que estaremos mais disponíveis para a actividade revolucionária. É isso que a sociedade e todos os camaradas e amigos esperam de nós. Vamos agora nós próprios meditar! Até para o Ano!!!!


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Cartas Escocesas (VII)

Mamma-Mia!: A surpresa

O conjunto ABBA, oriundo da Suécia, e formado por Benny Andersson, Biorn Ulvaeus, Anni-frid Lingstad e Agnetha Falskog, tornou-se conhecido do grande público quando em 1974 ganhou o Festival da Eurovisão com Waterloo. Era um novo tipo de música que se afirmava, através dum género melódico sincopado, casado com o uso em larga escala da precursão, e utilizando as vozes das mulheres com excelente gosto.

No ano seguinte o conjunto produziu aquele que seria o seu êxito mais emblemático: Mamma-Mia!. Esta canção é singularíssima pela sua originalidade, mesmo dentro do Universo ABBA. O conjunto pontificou na música europeia durante mais de 10 anos, casaram entre si, vendeu qualquer coisa como 400 milhões de discos em todo o mundo, e mesmo hoje, depois de afastados, consegue ainda vender entre 2 a 4 milhões de discos por ano. Desapareceram quando os dois casamentos chegaram ao fim. Não deixou sucessores.

Perante tamanho sucesso pensou-se em fazer-lhes uma homenagem teatral. Em 1999 o musicalMamma-Mia! estreou-se em Londres, posta em cena por Phyllida Lloyd, baseada num libreto de Catherine Johnson, e a partir da peça fez-se o filme do mesmo nome, também dirigido por Phyllida Lloyd com Meryl Streep e Pierce Brosnan nos principais papeis, que estreou em Estocolmo em 4 de Julho de 2008, com a presença pela primeira vez em público em muitos anos dos quatro elementos dos ABBA. O filme é o musical mais visto de sempre, mais do que West Side Story, e em Setembro-Outubro deste ano quando o respectivo DVD foi posto à venda venderam-se de repente qualquer coisa como 1.7 milhões de cópias. Perante um tão grande sucesso pergunta-se: o que tem este filme de tão especial?

Não é com certeza o argumento. Donna Sheridan (Meryl Streep) depois duma vida acidentada enquanto jovem retira-se para uma ilha grega aonde dirige um hotel que lhe permitiu criar a filha fruto das loucuras da juventude. Esta filha não sabe quem é o pai, mas um dia fica a saber que num curto espaço de tempo, uma semana, a mãe teve três amntes em sucessão (!!!) pelo que a jovem pode ser filha de qualquer deles. Quando está para se casar, a jovem convoca os três marmanjos para a boda, na esperança de saber quem é o Pai. Os três comparecem, assim como as companheiras de má (boa) vida de Donna, que ainda se sentem com forças para conquistar jovens.

Mas será que este argumento não tem ponta por onde se lhe pegue, como pretendem alguns críticos, naturalmente pudicos? Evidentemente que não: esta linha de argumento tem a ver com os comportamentos dos anos 60-70, e os sonhos associados da dita classe média. A liberdade sexual é uma questão essencial para a Classe Média. E de facto a história é uma expressão disso mesmo: depois do desvario os jovens entram na linha como fez Donna, depois de bons momentos copulando em larga escala, tratou de ser mais recatada e refugiou-se numa ilha grega para uma vida de eremita. E tudo isto se deverá processar à margem da luta de classes, pois a classe média sempre quis ultrapassar essa realidade.

O filme é a celebração destes valores, os mesmos que a Classe média gostaria que fossem prevalecentes no mundo, e não os valores conservadores reaccionários dos que diabolizam a actividade sexual, uns e outros à margem da luta de classes. Todos os presentes mostram uns que não se envergonham das suas vidas e actividade sexual, e outros de o continuarem a fazer sempre que tal lhes é possível.

No final do filme, e na própria igreja aonde vai ter lugar o casamento, a jovem resolve-se suspender o seu casamento, não porque não goste do namorado, mas porque deseja ir conhecer como é bom viver a vida que a mãezinha já teve. Depois lá voltará ao redil como boa ovelha. E qual dos marmanjos é o pai? Fica-se sem saber. O mais possível é o personagem de Pierce Brosnan, que na falta do casamento da jovem, casa com a mãe, e o filme tem um final feliz.

Em termos de construção o filme vale pela música dos ABBA, um expoente da ideologia da Classe Média, e a apologia teatral dos valores que lhe estão subjacentes. Há um casamento perfeito entre a encenação e a música dos ABBA, e isso resulta num fantástico visual. O filme maximiza assim o bem-estar de quem o vê, as mulheres são as heroínas, e não é por acaso que todas as feministas contactadas, e todas é mesmo todas, a dar a sua opinião aplaudem sem reservas o filme, o que também diz muito acerca do conteúdo ideológico do feminismo, e do seu horror à luta de classes.

O filme surgiu na vigência da crise económico-financeira mundial, e idealiza uma classe média que na vida real sofreu imenso com a crise. Ele mostra como o Mundo seria um paraíso se não houvesse problemas. Tudo isto foi posto em causa pelas manifestações recentes da realidade. Mas isto significa também que embora sem quaisquer fundamentos, a ideologia da dita classe média tão bem expressa em Mamma-Mia! constitui algo a ter em conta em todo o processo de construção dum futuro radioso sem exploração. A estes temas voltaremos mais tarde.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Acontecimentos Políticos Hilariantes (III)

Professores: a Luta Continua!

O encontro da Plataforma Sindical dos Professores com a Ministra da Educação, e a subsequente declaração desta de que as negociações estão encerradas, permitiu avaliar até aonde chega a irresponsabilidade política do Governo, representado por esta Ministra. Esta promove um conjunto de declarações que sendo hilariantes, não são menos irresponsáveis.

Na verdade a senhora ministra pretende manter um sistema de avaliação totalmente desacreditado, tal o número de erros técnicos que contém, quando com todo o bom senso deveria deixá-lo cair e tomar o projecto de avaliação submetido pelos sindicatos e com o largo apoio dos professores. Na verdade este desiderato é impossível de atingir, pois que o objectivo do Governo não é a melhoria do Sistema de Ensino, como desejam os sindicatos; não é um reforço da cidadania nas escolas, como pretendem os sindicatos; é antes transformar os docentes em comissários políticos do Governo, disponibilizando-se para cumprir todas as orientações por mais ofensivas que sejam da dignidade dos docentes e dos valores da Escola Pública.

Uma Escola Pública mais inclusiva dos cidadãos implica que as escolas têm de funcionar como colectivos empenhados de docentes, com confiança uns nos outros, e as medidas implementadas recentemente em sede de Estatuto da Carreira Docente, e as propostas pelo Governo em sede de avaliação a serem levadas às suas últimas consequências levariam a que esta avaliação nada tivesse a ver com a escola aonde os docentes se inserem, e a implementação desta no meio social adjacente mais ou menos problemático, mas com certeza diferente daquele que se desejaria para o regular funcionamento da Escola Pública.

Depois das afirmações hilariantes do Governo sobre o primado da aplicação das decisões políticas ao arrepio da sua qualidade técnica, e das implicações previsíveis num tecido tão fino como é o Sistema Educativo e o seu meio envolvente, só poderemos esperar o pior para o futuro. Realmente esta afirmação de que o Governo porque tem poder para isso vai aplicar medidas com erros técnicos crassos, não lembra ao diabo neste i

nício do Século XXI, e só um dinossáurio como o Dr. Mário Soares pode ver virtudes em tal actuação. E são particularmente graves as afirmações do Ministério na análise do documento de avaliação entregue pela Plataforma, que não abona nada de bom ao valor intelectual deste Ministério, pois que o documento entregue pelos Sindicatos é um documento de grande qualidade, que urge implementar o mais rapidamente possível.

Mas isto também significa que o que é importante para o Ministério, não sendo capaz de tornar os professores comissários políticos acéfalos, é partir a espinha à acção profissional colectiva dos professores, e deixá-los atomizados e incapazes de fazer o que quer que seja, à espera de serem declarados incompetentes, e em consequência vejam os seus salários a diminuir sempre. Assim se corta nos orçamentos da Educação. No fim de contas, apesar do colapso financeiro do sistema capitalista, o neo-liberalismo está moribundo, mas ainda não morreu e ainda mexe, e disso se têm de lembrar os professores. É por isso a luta tem de continuar com a mesma determinação até aqui demonstrada, e as organizações sindicais têm de estar à altura deste importante momento histórico, conduzindo a luta com determinação até à vitória final.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Aniversários Marcantes (II)

Manoel de Oliveira:
A imortalidade centenária também fala Português

Cada qual na sua vida tem o seu papel. Este mundo é um teatro e nós somos os intérpretes. Recitamos um manuscrito de uma peça que começamos a conhecer à medida que a vivemos. Não conhecemos o futuro, porque o autor ainda não o revelou! Visita nasce de uma circunstância do acaso. Percebi que devia conservar essa recordação e passá-la ao cinema... Há também outras razões muito mais profundas. Mas do subconsciente não se pode falar! Este é o pensamento do homem que hoje completa 100 anos, e que contribuiu para que a Imortalidade também falasse Português, o Mestre Imortal Manoel de Oliveira.

O meu encontro com a obra de Manoel de Oliveira deu-se quando era jovem. Em 1964, quando tinha 15 anos, a Casa da Imprensa resolveu apresentar no São Luis, Aniki-Bóbó em conjunto com o recém estreado Acto da Primavera. O meu pai tinha uma paixão por Aniki-Bóbó, e consegui sacar-lhe a entrada para os filmes, 8$00. Foi um deslumbramento, e a partir dessa altura fiquei para sempre ligado a Manoel de Oliveira.

A minha actividade cineclubista no extinto Cine-Clube Universitário de Lisboa permitiu-me ter uma visão global do cinema que se fez até 1972. Depois quando fui para Inglaterra fazer o Doutoramento tive ocasião de em três anos ver mais de 1000 filmes de vários realizadores e procedências. Nos anos subsequentes vi também muita coisa, o que me levou a compreender a singularidade da obra de Manoel de Oliveira, e a definir o conceito de cineasta imortal, aquele cuja criatividade moveu as fronteiras do Cinema, e o ajudaram e continuam a ajudar a estabelecer-se e amanter-se como a 7ª Arte. O primeiro cineasta imortal foi com certeza D.W. Griffith, que formatou o que deveria ser um filme; Outro foi Serguei Eisenstein, o cineasta da Revolução de Outubro, e um dos teóricos mais importantes do Cinema.

Ao nascer em 1908, a vida de Manoel de Oliveira acompanhou o desenvolvimento do cinema e permitiu-lhe desenvolver novos e arrojados conceitos para a 7ª Arte. Manoel de Oliveira definiu para si o que deveria ser o cinema, procurou pôr as suas ideias em prática e fê-lo em paralelo com o restante cinema, pois a sua obra é de uma singularidade obvia, e abriu caminhos que ainda estamos longe de saber aonde nos conduzem.

Como tudo o que pretende ser novo neste País, Manoel de Oliveira só muito tarde pôde criar tudo o que ele achava deveria ser o Cinema. No entanto a sua produção anterior ao 25 de Abril mostrava já claramente o seu carácter de liderança do processo artístico cinematográfico em Portugal, e como tal reconhecido pelos seus colegas de profissão: ele era sem sombra de dúvida o maior de todos. Aniki-Bóbó é um espantoso exemplo daquilo que poderia ter sido a Escola Portuguesa de cinema, sem a sua subordinação ao Fascismo, patente em Leitão de Barros, António Lopes Ribeiro, Ribeirinho, entre outros, pois Manoel de Oliveira sempre foi e é um democrata autêntico.

A obra de Manoel de Oliveira pela sua criatividade faz dele um dos maiores cineastas da História do Cinema, uma singularidade viva, um dos poucos mestres imortais evidentes. Douro, Faina Fluvial; Aniki-Bóbó; Acto da Primavera; a tetralogia dos amores frustrados {O Passado e o Presente; Amor de Perdição; Francisca; Vale Abraão}; o Meu Caso; O Convento; o Quinto Império: Ontem como Hoje; Cristóvão Colombo – O Enigma; entre muitos outros filmes igualmente importantes, consagraram-no definitivamente e inscreveram o seu nome a letras de ouro na memória do Cinema, com o reconhecimento tácito do seu carácter único. É o único cineasta vivo que começou a fazer filmes no cinema mudo. Tem várias distinções internacionais.

Portugal é um país pequeno demais para o génio de Oliveira, disse uma vez João César Monteiro. Portugal não seria o mesmo sem Manoel de Oliveira. Todos gostam de o ver na Canção de Lisboa, o amigo do Vasquinho, e que o ajuda sempre. Mas como ele ainda está vivo ainda é tempo de descobrirmos formas de lhe mostrarmos muitas vezes como de facto o amamos, e como ele é importante para nós, como o fez a Universidade do Algarve ao atribuir-lhe o Grau de Doutor Honoris Causa em 2008, ou a Presidência da Republica a Ordem de Santiago da Espada.









Longa vida, Mestre Imortal!
E que os teus filmes continuem a jorrar para nosso comprazimento!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

"Fait Divers" Políticos (VI)

Rania Al Abdullah: 
Poderá uma rainha ser de Esquerda?

A questão levantada parece não ter grande substância. Evidentemente que um príncipe pode ser de Esquerda. É o caso do Camarada (Príncipe) Souphanouvong, fundador do Partido Comunista do Laos, e mais tarde primeiro Presidente republicano do País.

A questão levanta-se por causa da actividade social extensíssima de Sua Majestade Rania Al Abdullah, Rainha Consorte da Jordânia, aqui referenciada em Cosmosophia Portucalensis, como a mulher mais bela do Universo. Mais recentemente, Sua Majestade promoveu uma série de vídeos no YouTube para criar e estender o debate sobre o Islão, para que diminuam as ideias feitas contra os cidadãos e cidadãs muçulmanas. Como consequência desse esforço o YouTube atribuiu-lhe o prémio Visionary Award of YouTubeLive 2008. No dia 22 de Novembro na cidade de San Francisco, Califórnia, o respectivo Mayor, Gavin Newson, e a sua mulher Jennifer entregaram à ausente Rainha o prémio, que ela aceitou enviando um vídeo por não poder estar presente. É o vídeo desse acontecimento que aqui apresentamos.

No vídeo em que agradece (ver abaixo), Sua Majestade não deixa de destruir uma série de estereótipos sobre o Islão que ensombram a nossa sociedade. Em particular repare-se na finíssima denúncia de Jack Bauer e as suas actividades fascizantes em 24; e como duma forma não menos fina denuncia a suspeição, intolerância e falta de confiança com que o Ocidente encara o mundo árabe.

Nada disto é novo na Rainha Rania Al Abdulah. Imediatamente a seguir ao 11 de Setembro Sua Majestade esteve presente num programa de Oprah Winfrey aonde desmontou uma série de ideias feitas sobre o Islão chamando a atenção para a ideia de que os fundamentalismos estão nas franjas das doutrinas. Este interessante pensamento leva-nos a suspeitar que Sua Majestade não estava só a dirigir-se à Al-Qaeda, ou aos taliban, mas também aos seus primos sauditas, responsáveis por uma das mais gravosas e sistemáticas violações dos direitos dos cidadãos que acontecem no mundo. Sua Majestade dificilmente poderia mostrar-se ao mundo como o faz, e ser considerada a mulher mais bela do Universo, se fosse saudita.


Nascida em 31 de Agosto de 1970 no Kuwait, a palestiniana Rania Al-Yassin, estudou Gestão na Universidade Americana do Cairo tendo terminado em 1991, e trabalhado a seguir para o Citibank e Apple Computer. Em Janeiro de 1993, num jantar, como num conto de fadas, deu-se o seu encontro histórico com o Príncipe Hachemita Herdeiro da Jordânia, Abdullah Bin-Al Hussein. Nascia assim uma parceria que mudou a sua vida, e a levaria ao seu casamento em 10 de Junho de 1993, passando a usar o nome que hoje ostenta. Rania Al-Yassin, agora Rania Al-Abdullah era afinal uma Gata Borralheira do nosso tempo. Em 22 de Março de 1999, o seu marido, agora Sua Majestade o Rei Hachemita Abdullah II, proclamou-a Rainha Consorte da Jordânia.

Usando amplamente o seu novo protagonismo, esta mulher bela como uma deusa, não se limitou a decorar com a sua beleza celestial os gabinetes, salas de reunião, e outros lugares por onde passa, embora isso também aconteça, e as revistas cor-de-rosa a amem. Na verdade ela tem o corpo de Vénus/Afrodite ressuscitada, com o cérebro de Minerva/Atena, e o sentido político de Juno/Hera. Com o seu enorme sorriso e a cabeça cheia de ideias muito progressistas, passou a plasmar substantivamente a programação de acções contra as causas mais terríveis de degradação e exploração humanas: a necessária emancipação das mulheres em todas as suas dimensões; a necessidade de aumentar a literacia e a formação de cidadãos e cidadãs no mundo árabe, exigindo o fim do trabalho e iliteracia infantis; o respeito pelos direitos da cidadania de homens e mulheres. Muçulmana praticante assumidíssima, procurou difundir uma nova leitura do Islão, denunciando os crimes da dominação da mulher, e o fundamentalismo dos que pretendem que os pobres e infelizes nunca saiam da cepa-torta. Com o seu aspecto ocidentalizado e elegantíssimo, mas profundamente fiel aos valores árabes, procura transmitir a ideia de que ser muçulmano não é incompatível com os valores do resto do mundo. Não admira que seja odiada por todos os que pretendem manter o seu domínio sociopolítico ancestral, próximo dos valores da Idade Média.

Em 2005 esteve na Organização Internacional do Trabalho; em 2008 em Davos, pois esta excelsa cidadã do Mundo está em toda a parte aonde é necessária para ajudar os desprotegidos. Os seus actos são comandados por um espírito de superior serviço público, muito para além do estrito cumprimento do dever, que a leva não só a participar nas decisões, mas também depois a garantir, inspeccionando in loco, que o decidido se cumpre para benefício dos cidadãos. A sua importância encontra-se reconhecida no volume produzido pela revista The Economist de Londres, The World in 2009, aonde Sua Majestade Rania Al-Abdullah assina um artigo sobre a importância da educação para a formação do novo cidadão ou cidadã jordanos em particular, e árabes em geral.

E com tudo isto voltamos à questão inicial: poderá uma Rainha ser de Esquerda? Suspeitamos neste caso que a paixão mútua do casal reinante na Jordânia é para além dum casamento bem sucedido, uma parceria estratégica para benefício dos cidadãos, aonde o Rei dá à Rainha todo o espaço de que ela necessita. Na verdade Suas Majestades podem não ser de Esquerda, mas com o seu empenhamento esforçado até parecem, porque os seus actos ajudam a prazo à libertação dos respectivos povos, numa zona dominada pelo Imperialismo, e por muitos interesses que querem manter os povos na Idade Média ao arrepio da libertação da Humanidade. Que Deus Pai Todo-Poderoso os conserve com saúde por muitos anos e bons, para que possam cumprir os seus magníficos objectivos. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Cartas Escocesas (VI)

Escândalo na Câmara dos Comuns Britânica

Um grande escândalo acaba de atingir duma forma grotesca a mais antiga forma parlamentar conhecida, a Câmara dos Comuns do Reino Unido. No passado dia 27 de Novembro o deputado do Partido Conservador Damien Green foi detido em sua casa, algemado, e ficou preso durante 9 (nove) horas, durante as quais foi interrogado pela polícia. Durante este período a sua casa e o seu gabinete no Palácio de Westminster, sede da Câmara dos Comuns foram sujeitas buscas policiais, e computadores e telemóveis foram apreendidos.

Esta acção sem precedentes na vida pública britânica foram motivadas pela divulgação da incapacidade do Home Office em controlar a imigração ilegal, que este pretendia manter secretas, e que Damien Green ajudou a tornar públicas usando informadores. O Home Office declarou que Damien Green tinha ajudado, encorajado, aconselhado e outros “ados” usando o seu posicionamento público. Porém Damien Green afirma que ao denunciar as formas pouco ortodoxas do Home Office mais não fez do que exercer as suas funções de deputado, que são as de controlar parlamentarmente o Governo.

O assunto assumiu formas caricatas e preocupantes quando se soube que para revistar o gabinete da Câmara dos Comuns e apreender material, a Policia se apresentou no Palácio de Westminster, e não cumpriu as determinações legais nestas questões, e.g. a apresentação dum mandato de busca e apreensão de material. Também não foram tomadas as medidas adequadas para garantir a informação secreta disponibilizada aos Deputados e que agora sabe-se lá por onde andará. Por outro lado houve uma estranha disponibilidade para cumprir sem questionamento as exigências da policia, da parte da mais alta entidade de segurança da Câmara dos Comuns, The Sergeant in Arms, e do próprio Speaker (Presidente) da Câmara.

Entretanto a Ministra responsável pelo Home Office assobia para o lado, garantindo que não sabe de nada, e que não está nos seus hábitos pôr em causa a operacionalidade da polícia. Mas a verdade é que as liberdades foram ofendidas, pois o Governo nem sequer pode invocar este caso o Official Secrets Act, pois esta matéria não cai na sua alçada.

Várias investigações estão em curso para saber como tudo isto aconteceu, pois todos pensam que isto seria mais próprio do Burkina Fasso, do que da velha Albion. Vários deputados não gostaram das declarações do Speaker e exigiram a sua demissão, pela sua falta de espinha dorsal para defender a liberdade democrática dos deputados. Ninguém se preocupa tanto quando a polícia é usada como arma para actuar sobre grevistas obedecendo a ordens do Governo ou patronato, para quebrar a espinha à luta dos trabalhadores, como na Greve dos Mineiros em 1984. Ora tudo isto é consequência de várias questões:

·         Da inexistência de leis escritas sobre estas matérias, e que agora estão a ser exigidas, e.g. uma Carta de Direitos (Bill of Rights) pois o famoso Gentleman’s Agreement característico duma certa forma de fazer política de classe, foi inexoravelmente ofendido;

·         Da forma arrogante como actua a policia deste país, pois ela atribui-se o direito de prender um deputado durante 9 horas, da mesma forma que se atribui o direito de parar no meio da rua um pacato cidadão, eventualmente negro, exigindo-lhe a identificação, mesmo que ele não esteja a fazer nada que possa sugerir um futuro acto criminoso.

Vamos ver o que isto vai dar. Mas na verdade a forma irrepreensível da vida democrática britânica ficou irremediavelmente manchada, como já tinha sido antes quando foram reprimidas as justas lutas dos trabalhadores, e a policia usada como cão de guarda do grande patronato. Aguardemos pelos próximos episódios.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Acontecimentos Políticos Hilariantes (II)

Partido Comunista Português: Partido Neo- Estalinista?

O posicionamento político singular do Partido Comunista Português corre o risco de fazer ainda correr muitos litros de tinta na nossa comunicação social. Espera-se até que essas importantes contribuições traduzam a profunda frustração dos articulistas pelo facto de mais uma vez o PCP se recusar a participar numa operação de refundação do Capitalismo, e de branqueamento dos crimes  por este cometidos, entendidos como os pressupostos que estiveram na origem do colapso financeiro do Sistema, e que já levou ou vai levar a prazo à miséria largos milhões de trabalhadores.

Como expressão destas frustrações está o artigo de São José Almeida no Público neste Sábado, dia 6 de Dezembro, intitulado Parabéns, dr. Álvaro Cunhal, aonde a articulista afirma que o PCP é um Partido neo-estalinista. Estas afirmações de carácter hilariante ainda vão dar muito que falar. E porquê tal afirmação? Porque o PCP no seu XVIII Congresso:

·         Denunciou, demonstrando como a politica de Mikhail Gorbachev enquanto Secretário-Geral do PCUS foi uma politica de traição aos interesses dos povos da União Soviética em particular e do Mundo em geral. Esta afirmação do PCP só pode ser estranha para quem não conhece as declarações do próprio Gorbachev, que já declarou preto no branco que esse era o seu objectivo quando assumiu o lugar de Secretário-Geral. Ou seja o homem estava mesmo decidido a aldrabar-nos a todos e completamente, e colocar-se ao serviço do Imperialismo.

·         Assumiu claramente o seu papel de vanguarda de partido da classe operária e de todos os trabalhadores, defendendo que não há melhoria das condições destes se não houver políticas que claramente espelhem essa vontade dos trabalhadores de melhorarem as condições de vida. E que assim o PCP se recusará a fazer alianças com quem não disponível para atingir este desiderato, e a lançar para debaixo do tapete anos a fio de política de Direita.

Esta segunda questão traduz o horror dos nossos políticos visceralmente burgueses em assumir que quando nas várias instâncias de organização politica dizem estar a defender os trabalhadores, têm de ter em conta as suas aspirações e objectivos, e actuar enquanto tal; pois embora se declarem ao serviço dos trabalhadores, na verdade estão tão só a procurar rebaixar os interesses dos trabalhadores a níveis que não ponham em causa a estrutura sacrossanta do Capitalismo. E para eles surge esta realidade insofismável: o PCP não tripudia sobre os interesses dos trabalhadores para obter benefícios para os seus dirigentes, cumpre as suas aspirações mais profundas, e vai mais longe, procura que essas aspirações assumam a suprema dignidade de serviço público.

Mas o que São José Almeida talvez não saiba ou não esteja interessada em saber, é que este neo espírito do PCP já vem de longe. Está inscrito no pensamento de Marx, Engels e Lenine; foi amplamente praticado pelos camaradas da III Internacional, da qual somos orgulhosos sucessores; e duma maneira ou de outra acompanhou-nos sempre durante todo o Século XX, na vitória na Batalha de Berlim, esmagando definitivamente o Nazi-Fascismo, na vitória na luta anti-colonial, na vitoria na Guerra do Vietname, e outras manifestações, mau grado os trânsfugas como Mikhail Gorbachev que hoje vêm comer os sobejos do banquete Imperialista à mão dos seus donos.

O PCP não tem medo de labéus. Porque o que contará no futuro é dar satisfação às aspirações dos trabalhadores, e cumprir o destino histórico da Classe Operária, visto ela existir, embora às vezes tenha alguma dificuldade de se assumir como tal.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Efemérides Inolvidáveis (II)

Instituto Superior Técnico, 1968, 4 de Dezembro: 
A Ocupação do Pavilhão Central

O ano de 1968 foi um ano fundamental para o processo de liquidação da ditadura fascista em Portugal, que desgovernava o País desde 1926. Nesse ano em Setembro, Salazar caiu da cadeira, e agilizou-se o processo que levaria à queda do regime em 25 de Abril de 1974.

Uma das forças anti-fascistas mais aguerridas era o movimento associativo estudantil. O Fascismo nunca conseguiu dominar as associações de estudantes que existiam uma por faculdade, ou não existiam de todo, substituídas por movimentos pró-associação como era o caso de Medicina. Mesmo as Faculdades que tinham associações de estudantes, tinham a pender sobre elas a espada de Dâmocles da suspensão das direcções legitimamente eleitas, e ilegalização das suas respectivas actividades.

Em 1968 o ambiente universitário estava bastante inflamado. Tendo por fundo uma Guerra Colonial que se eternizava, o movimento estudantil lutava também por melhores condições de vida no interior das Faculdades e Academias. No Instituto Superior Técnico uma reivindicação em volta da Cantina, que os estudantes queriam mais subsidiada, e as autoridades académicas queriam subtrair à gestão estudantil, despoletou os acontecimentos de 4 de Dezembro. Numa Reunião Geral de Alunos decidiu-se que nesse dia, uma Quarta-Feira, se faria um almoço de luta no Pavilhão Central.

Alvoreceu o dia 4 de Dezembro, e às 10 horas da manhã o Director do Técnico, na altura o Professor Catedrático de Química Luis de Almeida Alves, encerrou o Pavilhão Central, deixando sair os estudantes, e só deixando entrar os que tinham cacifos alugados no interior, onde colocavam material próprio. Deu-se então um fenómeno inesperado: de motu proprio os estudantes não saíram e ficaram lá dentro a aguardar os acontecimentos. A Direcção da AEIST em conjunto com os colaboradores disponíveis decidiu constituir uma comissão de campo no interior e outra no exterior. Todos os colaboradores associativos que tinham cacifos foram despachados para o interior do Pavilhão Central.

Entretanto os que não podiam entrar começaram a organizar o pessoal cá fora. Às 11.15 horas estavam constituídas duas comissões de campo, uma no interior e outra no exterior do Pavilhão Central, com funções de organização e de serviço de ordem. O contacto do interior com o exterior fazia-se clandestinamente e com todos os cuidados através da porta de acesso ao Bar, e despudoradamente através da janela da Sala de Alunas, uma sala singular, pois só podia ser visitada pelas alunas, entretanto ocupada pelas mulheres da Juventude Universitária Católica, para ajudar a ocupação global do Pavilhão Central. A Direcção da AEIST continuou os seus bons ofícios para demover o Director da sua posição, mas os seus esforços foram baldados. A indignação dos estudantes começou a subir de tom.

Às 12.00 horas a comissão de campo do interior recebe a indicação de que o pessoal no exterior vai tomar de assalto o Pavilhão Central. Os estudantes no interior dirigem-se para as portas, e estas têm uns batentes em vidro que foram abertos, permitindo que os estudantes do exterior passassem através das portas. Outra brigada de assalto entrou pela janela da Sala das Alunas. Com estes dois actos, o pessoal do interior e do exterior reuniu-se no interior do Pavilhão Central. Luis de Almeida Alves não queria acreditar no que via: os alunos a entrarem no Pavilhão central através das portas fechadas. Mas num ataque de bom senso, decidiu abrir as portas possibilitando que o almoço se realizasse. Entretanto começou a circular um abaixo assinado para acabar com a Sala das Alunas, que entretanto passou a ser visitada também por homens.

Após o almoço, às 14.00 horas começou uma Reunião Geral de Alunos em que esteve presente Luis de Almeida Alves. Foi-lhe democraticamente concedida a palavra, e ele então faz a histórica declaração de que se sentia uma bola de bilhar entre o Governo (Ministério de Educação Nacional) e os estudantes…

Os acontecimentos de 4 de Dezembro no Instituto Superior Técnico permitiram que um grupo de jovens colaboradores associativos tivesse a sua primeira experiência de direcção de luta. Essa experiência para muitos deles foi tão forte que ainda hoje estão activos, na defesa das mais desvairadas posições politicas. Mas naquele momento o que contava era prosseguir a luta.

Luis de Almeida Alves convocou o Conselho Escolar formado pelos Catedráticos da Escola, e ter-lhes-ia dito que um bando de agitadores maoistas se preparava para destruir o Instituto Superior Técnico, e pediu-lhes carta branca para poder chamar as forças repressivas. Às 0.00 horas do dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, a polícia de choque e a PIDE ocuparam a AEIST, prenderam todos os colaboradores associativos que se encontravam no seu interior, tendo-os libertado de madrugada, e aprenderam todo o material de propaganda que estava a ser preparado para acções futuras. No dia seguinte a Direcção da AEIST foi suspensa de funções e com um processo disciplinar visando a sua expulsão, a gestão da Associação entregue a Luis de Almeida Alves, porque nenhum estudante do Técnico se prestava a fazer parte duma Comissão Administrativa, e as aulas suspensas até Janeiro. Entretanto os estudantes de Lisboa em Plenário, o órgão máximo de decisão estudantil, decretaram a Greve Geral.

No regresso em Janeiro os estudantes organizaram-se em comissões para-associativas, e assistiram ao degradante espectáculo de ver o Director da Escola a passar como um furacão pelo corredor principal da AEIST a arrancar propaganda associativa, várias vezes ao dia, que após a sua passagem era imediatamente reposta. Mas a luta continuou e no verão seguinte conseguiu-se a reposição da legalidade, e uma Direcção Associativa foi eleita.

O 4 de Dezembro mostrou que valia a pena lutar, e que só lutando se pode vencer. Pertence sem duvida ao património de luta contra a opressão e por isso mesmo aqui o recordamos 40 anos volvidos. Para nós isto é identitário.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

XVIII Congresso do PCP (IV)

Terminou o XVIII Congresso: 
 A Luta Continua!!!

Terminou na passada Segunda Feira o XVIII Congresso do PCP. Preparado com grande cuidado durante meses, o XVIII Congresso passou em revista toda a problemática politica nacional e internacional, analisou a situação organizativa do Partido, e aprovou uma Resolução Politica que guiará a acção do Partido nos próximos anos.

Como de costume a Resolução Política foi antecedida da publicação de Teses que foram discutidas em todo o Partido, e feitas muitos milhares de propostas de alteração que foram tidas em conta na redacção final.

A partir da proposta inicial poderemos dizer que a Resolução Politica será com certeza um excelente elemento de mobilização e acção politicas paras os próximos tempos. Este documento espelha bem o esforço dos últimos anos de afirmar o PCP como um partido de projecto e de propostas, com um notável travejamento estratégico. Com estas características, com grande humildade mas também com grande segurança, expressão do bom momento interno fruto do reforço sempre em curso do trabalho colectivo, a Resolução Política claramente confirma o Partido como a força revolucionária mais consistente da Europa e uma das mais avançadas do Mundo, perfeitamente preparada para enfrentar a crise geral e estrutural do Capitalismo que estamos a viver, e mobilizar para a luta as mais amplas massas de trabalhadores.

Nesta conformidade estão completamente desfasados da realidade os que afirmam que o Partido Comunista Português é um Partido sem futuro, e só ainda existente devido a uma conjuntura peculiar da nação portuguesa, a meio caminho entre o terceiro-mundismo e o desenvolvimento europeu. Na verdade o PCP é um partido que se afirma Marxista-Leninista, e como tal se debruça de forma criadora sobre a realidade, seja ela nacional ou internacional, tendo sempre em conta que as soluções dos problemas têm de ser encontrados de acordo com os interesses dos trabalhadores, e que quaisquer interesses que conduzam ao reforço da Sociedade de Classes não podem nem devem ser apoiados. No PCP não consideramos que a sociedade se possa desenvolver submetendo-se a interesses que reprimam o justo direito dos trabalhadores à libertação político-social, ou que os trabalhadores contribuam pela sua auto-repressão para a satisfação de interesses que lhe são alheios, e por isso neste momento de crise generalizada do Capitalismo não estamos interessados na sua reforma, mas sim na construção duma democracia avançada rumo a Socialismo, que equacione duma vez por todas o fim da Sociedade de Classes, um objectivo revolucionário a ser atingido, e que constitui hoje um problema que urge resolver definitivamente.

Também a forma peculiar de estar organizado, constitui um engulho para muita gente. No PCP valorizamos a acção colectiva, e tudo se resolve de modo a que a acção individual se projecte na actividade colectiva, de modo a vivermos no nosso seio a alma colectiva das massas que queremos se desenvolva no seio do Povo Português, e numa perspectiva internacionalista, no seio de todos os povos da Terra. Para nós a acção individual não se destina a criar tiranetes que se sobreponham às massas em movimento. A nossa democracia interna é o reflexo da nossa fraternidade, e sem ela não é possível que os trabalhadores vençam a luta contra a exploração.

O Partido Comunista Português não questiona a luta dos trabalhadores por melhores condições sociais, de vida e de trabalho. Antes perspectiva a luta para que essa exigência sirva para o reforço da qualidade da vida colectiva, e afirma categoricamente que os níveis de excelência a ser atingidos não carecem de indivíduos que supervisionem esse percurso para garantir o sucesso, e que depois vão aproveitar-se em beneficio próprio do esforço conseguido. As massas no seu seio, e prenhes da sua alma colectiva, hão-de gerar quem as conduza e ajudem a ser exigentes e consigam a sua libertação.

Foi este o espírito do XVIII Congresso, onde os inimigos ficaram à porta, todos aqueles que duma forma ou de outra se opõem à libertação da Humanidade, e pretendem que a exploração duma forma ou de outra é necessária. Com uma afirmação internacionalista profunda, ao contrário do que dizem aqueles que nos querem ver de joelhos perante o Imperialismo, o PCP defende uma ordem internacional dos povos, aonde todos e cada um sejam protagonistas do seu próprio destino, e estabeleçam entre si as mais variadas formas de cooperação, no interesse de cada um e de todos em conjunto. A presença de tantas delegações estrangeiras é a prova de que este esforço internacionalista é claramente reconhecido.

Este XVIII Congresso foi o Congresso do Partido Comunista Português, o Partido de que nos orgulhamos de ser dirigentes. A luta prossegue e todos estamos empenhados na vitória final. De acordo com os princípios de organização interna, empenhada e livremente construídos e aceites por todos nós, termina aqui esta Secção, pois a partir de agora tudo se passará no silêncio exterior das nossas discussões colectivas internas. Porém o PCP necessita de continuar a renovar-se e a aumentar a sua força, e é necessário que entrem novos militantes para participar empenhadamente no trabalho e luta em curso, ou a desenvolver. Todos os que quiserem participar connosco nesta construção colectiva são bem vindos, e podem contactar-me para rubrum.centaurus@gmail.com