quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Sonhos Olímpicos (II)

...E os Sonhos Concretizam-se a Todas as Horas...
O pessoal está feliz. Os telemóveis soam em toda a parte. Todos querem comunicar a todos que um Campeão Olimpico fala português, é português. Nelson Évora, Campeão Mundial do Triplo-Salto (Osaka, 2007), número um do ranking mundial, é Campeão Olímpico em Peking. A Pátria está contente e reconhecida.
Numa semana em que tanto se tem falado sobre a má prestação dos atletas portugueses em Pequim, um homem humilde trabalhou para isso e venceu. Tal como Vanessa Fernandes, também ela humilde e muito trabalhadora.
Noutro dia apreciaremos esta questão. Mas parece assim, numa análise elementar, que o êxito se consegue duma forma simples com muita humildade e não menos muito trabalho, determinação e um grande carácter. Michael Phelps tem isto tudo e ganhou oito medalhas de ouro. Os nossos atletas medalhados também têm tais atributos. Os outros nossos se lá quiserem chegar terão que seguir estes exemplos.
Daqui enviamos um abraço a Nelson Évora e Vanessa Fernandes, pela alegria que nos deram, fazendo votos para que continuem a exibir galhardamente nos estádios as qualidades que os fizeram campeões olimpicos. Para que a memória dos seus êxitos e das suas qualidades humanas sirva de inspiração, hoje e sempre, às novas gerações que pretendem seguir na sua senda.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Socialismo em Desenvolvimento (II)

Paraguai: O primeiro dia do Poder Popular

Hoje é o dia em que Fernando Lugo, ex-Bispo de San Pedro, Paraguai, e ex-padre da Sociedade da Divina Palavra, assume a Presidência do Paraguai, confirmando o seu compromisso de conduzir a afirmação do povo paraguaio na construção do seu futuro. Desta forma põe fim a mais de 60 anos de domínio do Partido Colorado, no qual se inscreve a ditadura sinistra do General Alfredo Stroessner de 1954 a 1989, um criminoso lacaio do Imperialismo, e um nível de vida abaixo de qualquer classificação, em paralelo com ultrajantes condições de vida da minoria exploradora.

A eleição de Fernando Lugo só foi possível depois das forças progressistas do País, destruindo o bipartidarismo de Brancos e Colorados, terem criado a Aliança Patriótica para a Mudança. Em Abril deste ano Fernando Lugo foi eleito presidente, e iniciou-se um processo para convencer a Santa Sé a libertá-lo dos seus votos de padre. Em Julho passado depois de muitas dúvidas, Sua Santidade o Papa Bento XVI, o Pastor Alemão, num acto de sabedoria suprema, naturalmente inspirada pelo Espírito Santo, passou-o ao estado de leigo.

A festa de investidura prevista para hoje inclui como convidados estadistas que se reivindicam da construção duma América Latina progressista e independente, com rejeição das imposições imperialistas e neoliberais, incluindo naturalmente a vanguarda da Revolução latino-americana, Cuba Socialista e a Venezuela Bolivariana.

Fazemos votos que as promessas feitas por Fernando Lugo ao povo paraguaio sejam cumpridas, com uma elevação urgente das condições de vida do povo paraguaio, para uma justa integração do Paraguai no processo libertador latino-americano, que todos desejamos.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Ventos de Guerra (I)

Geórgia: Quem Semeia Ventos Colhe Tempestades

O agravamento da situação na região do Cáucaso constitui mais uma manifestação da política aventureirista do Imperialismo, definida para esta região na sequência da implosão da União Soviética. O objectivo seria fechar o Mar Negro à frota da Federação Russa, e permitir que este Mar ficasse completamente na mão da NATO ou de países a si favoráveis, para reduzir a sua influência sobre o Mar Mediterrâneo.

Para conseguir este objectivo, e no processo de regressão ao Capitalismo que caracterizou a evolução dos países que saíram da antiga União Soviética, foram encorajados a tomar conta do poder políticos locais abaixo de qualquer classificação, extremamente favoráveis ao domínio imperialista nos seus países, e.g. na Geórgia. Assim os dirigentes imperialistas foram acariciando o ego deste bando de lacaios, prometendo-lhes benesses sem par, incluindo a adesão à NATO, desde que mantivessem em respeito a Federação Russa, para fragilizar o respectivo flanco sul. Na verdade esta Federação, tal como anteriormente a União Soviética, é considerada como um perigoso obstáculo à satisfação dos desejos de domínio global dos imperialistas, e a sua contenção passa pela limitação do acesso das respectivas esquadra ao Mediterrâneo via Mar Negro.

A existência no interior da Geórgia de minorias russas em duas repúblicas autónomas foi o rastilho que despoletou a desgraça. Num acto aventureiro e irresponsável o presidente georgiano Mikhail Saakashvili ordenou uma operação militar na Ossétia do Sul, a parte da Ossétia que fica no interior da Geórgia, numa clara violação dos direitos do povo russo maioritário nesse território, e que provocou 2000 mortos.

Esta acção que foi largamente encorajada pelas chancelarias ocidentais, não foi de facto aprovada por elas. O presidente georgiano tomando a nuvem por Juno, ou seja, tomando por reais as sugestões que lhe foram feitas de forma abundante, julgou que tinha o apoio das chancelarias imperialistas. Estas nem queriam acreditar no que tinha acontecido. Qualquer conflito com a Federação Russa é uma decisão estratégica. Ora não faz parte dos hábitos dos caciques imperialistas que os seus lacaios tomem decisões estratégicas. E assim depois da invasão russa, veio a desautorização do presidente georgiano, no fim de contas um comparsa menor no meio disto tudo, e cuja posição piorou quando os abkhases se revoltaram apoiados pela Federação Russa.

No meio disto tudo quem sofre são os povos georgiano, ossetino, e abkaz. Vêm agora as declarações com lágrimas de crocodilo lamentando que por esta acção desmiolada os georgianos tenham uma diminuição da linha de costa. Ora na verdade o que preocupa o imperialismo é a passagem de parte dessa linha de costa para o controle da Federação Russa, sendo isto contrário ao que eles pretendiam. De facto deveria ser a influência da Federação Russa que deveria diminuir sobre as costas do Mar Negro e não aumentar; e que o acesso ao Mediterrâneo da esquadra da Federação Russa mais limitado, em vez de aumentar.

São estas as consequências quando se apoiam verdadeiros zeros absolutos em política, atirando-os para orientarem os destinos dos Estados, como tem feito abundantemente em tempos recentes o imperialismo. O Presidente Mikhail Saakashvili tem de ser demitido porque é uma ameaça à paz e a segurança internacionais.

Entretanto outra é a postura dos povos que nada tem a ver com estas políticas. O Comité da Paz da Geórgia continua o seu esforço para esclarecer e impedir mais conflitos. E nos Jogos Olímpicos há manifestações públicas de amizade entre atletas russos e georgianos.

Muitos anos de bom relacionamento no seio da União Soviética, baseada no respeito mútuo sustentado pela política leninista das nacionalidades, não poderá ser agora posto em causa por lacaios do imperialismo, lunáticos e irresponsáveis.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Socialismo em Desenvolvimento (I)


Bolívia: quando a História mudou de direcção

A vitória do Presidente Evo Morales com 63 por cento dos votos no referendo revogatório de Domingo na Bolívia, constitui um acontecimento da maior importância para o desenvolvimento do Socialismo na América Latina e no Mundo. Trata-se de um daqueles acontecimentos que enchem de alegria todos o que pretendem que o Mundo passe a ser uma terra sem amos.

O esforço refundador de Evo Morales inscreve-se na luta dos povos da América Latina para se libertarem do jugo do imperialismo e dos seus lacaios os oligarcas locais, luta cujo sucesso há muito que se sabe constituir más notícias para o domínio do imperialismo, e.g. norte-americano. No caso concreto da Bolívia os lacais do Imperialismo encararam com má cara a vitória eleitoral do companheiro Evo Morales para a presidência da Bolívia. Refugiaram-se assim nas prefeituras locais em que se divide o país, e como bons caciques conseguiram arregimentar uma classe média sem princípios. E quando Evo Morales e a sua equipa pretenderam que os benefícios resultantes do comercio das matérias-primas fossem estendidos a todo o povo, e não só para as regiões aonde se extraem, os caciques desafiaram o governo central exigindo ficar com tudo só para eles.

O desafio assumiu uma vertente constitucional intensa. Procederam-se a referendos secessionistas locais, e naturalmente constitucionalmente inválidos, ganhos pelos caciques. Perante esta situação e com grande determinação Evo Morales convocou o referendo revogatório em que se não tivesse a votação que obteve quando foi eleito, 53,4%, se demitiria, o mesmo sucedendo aos caciques locais se perdessem. Evo Morales sabia que a sua derrota seria um gravíssimo retrocesso para a afirmação do Socialismo na América Latina, mas pretendeu que duma vez por todas as questões ficassem esclarecidas. Era preciso pôr cobro, numa penada, ao domínio da oligarquia de quase de dois séculos, pois ele existe desde a independência há mais de 183 anos.

O resultado não podia ter sido mais esclarecedor. Embora algumas prefeituras tenham tido resultados assustadores (caso de: Santa Cruz de La Sierra, com 64% de nãos e 36 % de sins; Chuquisaca, com 57.9% de Nãos e 42.1% de sins), a votação global foi de 63% de sins o que é superior à investidura do Presidente Evo Morales, que assim atingiu completamente o seu objectivo, e partido a História ao meio: o futuro não será mais como o passado.

As centrais de informação do capitalismo ao darem-se conta da estrondosa derrota encontraram depressa a solução para tentar conter o pânico da classe dominante que se vê obrigada a dobrar a espinha perante o povo: o referendo seria uma espécie de empate técnico (!!!) pois das nove prefeituras Morales ganhara apenas(!) 5, e perdera em 4. Ou seja apesar de ter ganho por uma maioria de quase 2/3, Evo Morales teria agora de ir ainda assim negociar com a oligarquia. Isto é eloquente. É como no caso irlandês, os resultados só são bons quando se segue a lógica do imperialismo; caso contrário inventa-se sempre uma nova lógica para salvar a face… e os interesses de rapina…

Claro que não há nada para negociar e agora espera-se que os prefeitos que perderam se demitam como estava acordado. Não há a garantia que o façam. E naturalmente terão de ser corridos. Mas isso é natural de quem só tem dignidade para ser lacaio. Entretanto Evo Morales prepara-se para levar às últimas consequências o seu programa, na sua justa luta contra o neo-liberalismo imperialista que pretende perpetuar o domínio oligárquico que o serve.

A luta de Evo Morales é afinal a luta pela dignidade dos povos Latino-Americanos conduzida hoje por ele, Hugo Chaves, Daniel Ortega e outros, tendo por referência Simão Bolívar, José Marti, Fidel Castro, e o exemplo heróico do povo cubano que há quase 50 anos não se verga ao imperialismo. Na verdade isto só é possível graças a esse momento fundador, a entrada em 1959 do Exercito de Libertação Nacional de Cuba em Havana, que indicou o caminho a todos o que pretendiam libertar-se do jugo imperialista. Estas são as nossas balizas e delas jamais nos esqueceremos.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sonhos Olímpicos (I)


Viva a XIX Olimpíada da Era Moderna!
Na passada sexta-feira o Mundo parou para ver a assombrosa abertura dos XXIX Jogos Olímpicos da Era Moderna desta vez organizados pela Republica Popular da China. Eram 20 horas em Pequim, e começou a apresentação dum espectáculo verdadeiramente arrebatador, aonde a China Milenar projectou os seus sonhos de progresso no seu passado Histórico.
Muita polémica levantou esta organização, mas com firmeza as autoridades de Pequim foram sempre afirmando o seu desejo de que desejavam com sinceridade que os Jogos fossem uma manifestação de fraternidade universal, e que as questões políticas não se deveriam imiscuir no processo. Na verdade os Jogos Olímpicos são organizados por uma estrutura, que embora de constituição aristocrática, é de facto independente das paixões em curso no Mundo e que tantas vezes como agora levam a guerras assassinas.
Depois do caso do Tibet e da sempre badalada questão dos direitos humanos, houve o bom senso de todos comparecerem. E ganharam com isso. A RPC mostrou ao Mundo desejar projectar-se na universalidade cultural mundial e fazer parte da sua diversidade. Foi brilhante fazer uma encenação dum espectáculo centrado na glória histórica chinesa, e fazê-lo tendo por fundo sons musicais que se aproximam da musica ocidental. Foi portanto uma China projectada no futuro querendo trabalhar com todos nós, a mensagem de paz da RPC que nos cabe compreender e em diálogo aprofundar.
A XXIX Olimpíada foi ensombrada com as notícias de actos de guerra no Caucaso. Nos tempos da União Soviética a aplicação da doutrina leninista das nacionalidades nunca permitiu que esta desgraça tivesse lugar. Mais uma consequência da implosão da URSS e da restauração do capitalismo que teve lugar naquela região do Mumdo. Esperamos que a PAZ possa ser restabelecida o mais rapidamente possível.
E esperamos igualmente que o êxito da cerimónia de abertura seja o timbre de todos os Jogos. O sonho de Pierre de Coubertin, transformou-se na maior manifestação global de Paz que podemos testemunhar. Assim seja no futuro e sempre.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Notas Gastrológicas (I)


Comer bem é um acto de Cultura

O Presidente Mário Soares que é um pândego, nunca acertou na diferença entre Astronomia e Astrologia, ou seja, o que é o quê. E vai daí, aqui há uns anos nas suas elevadas funções de Presidente tinha de dizer algo sobre Gastronomia. Mas como não era capaz da destrinça anterior, ao dizer Gastronomia saiu-lhe… Gastrologia!!! Ao iniciar estas notas gastronómicas, resolvemos prestar homenagem ao insigne estadista, e chamarmos-lhes… Notas Gastrológicas!!!

Pretendemos chamar a atenção sobre um restaurante excelente existente em Mirandela, A Flor do Sal, na estrada para Golfeiras, à saída da ponte nova ao norte da ponte romana, na margem direita do Tua.

Trata-se dum restaurante aonde a comida é excelente, embora de preços bastante acima da média. Tem uma garrafeira espantosa e acima de tudo um serviço sem par. Se quiseres provar comida, e embrenhares-te nos sabores do Tua, aonde a azeitona e o azeite são rainha e rei, então o lugar azado é A Flor do Sal, um restaurante à medida da cidade jardim de Mirandela, que se auto-proclamou, e muito justamente, a Capital do Azeite e da Oliveira.

E depois de teres ficado satisfeito com o tratamento no restaurante A Flor do Sal, e se tiveres um antepassado que queiras homenagear, vai à Câmara Municipal e apadrinha uma oliveira. A tua afilhada fornece-te algum azeite todos os anos, no futuro. Vais ver que ficas ainda mais feliz.

Acções Exemplares (II)


A Barragem do Tua e a luta para impedir a sua construção

Realizou-se no passado dia 25 de Julho na Casa Regional dos Transmontanos e Alto Durienses do Porto uma sessão de debate da problemática da construção da barragem prevista para a foz do rio Tua, promovida por esta Casa e pelo Movimento Cívico pela Linha do Tua. A sessão presidida pelo Presidente da Assembleia Municipal de Mirandela, Dr. José Manuel Pavão, contou com diversos oradores a seguir indicados: Gaspar Martins Pereira, Professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; José Manuel Lopes Cordeiro, Professor Universitário e Presidente da APPI – Associação Portuguesa para o Património Industrial e membro da Direcção do TICCIH – The Industrial Committee for the Conservation of the Industrial Heritage; Manuel Matos Fernandes, Professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; Manuel Tão, Professor Universitário e Doutor em Economia de Transportes; Dra. Manuela Cunha, Dirigente do Partido Ecologista “Os Verdes” e Assessora do respectivo Grupo Parlamentar e; Viviana Rodrigues, Arquitecta Paisagista. Na assistência encontrava-se ainda uma deputada do Bloco de Esquerda, no meio de mais de 130 pessoas que acompanharam com grande interesse o debate, e intervieram quando tiveram essa possibilidade.

O debate caracterizou-se por uma grande identidade de pontos de vista sobre a necessidade de impedir a construção da barragem. Uma tal construção descaracterizará completamente o vale do Tua tal como o conhecemos hoje; destruirá a respectiva linha ferroviária, pois deixará de haver ligação por via reduzida à estação do Tua, e consequentemente à rede ferroviária nacional; permitirá uma grave destruição do património cultural das populações que hoje se revêem no vale e na linha do Tua; empobrecerá populações cujos rendimentos agrícolas desaparecerão devido às suas terras serem alagadas; e será feita ao arrepio da necessidade de valorizar a ferrovia face à rodovia, devido aos recentes acontecimentos associados ao disparo do preço do petróleo.

Na minha qualidade de vogal da direcção da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro estive presente no debate tendo intervindo no sentido do reforço das posições expressas, e.g. denunciando a monstruosidade de emparedar o Vale do Tua com uma barragem, que para todo o sempre impedirá a visão do vale a partir do Rio Douro, e da respectiva Linha, e manifestando o interesse de que um debate semelhante se realizasse em Lisboa, organizado pela Casa, em conjunção com o Movimento Cívico pela Linha do Tua.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

"Fait Divers" Políticos (I)


Onde está a nossa paciência?

No século XIX, quando a Guerra Civil nos USA (1860-1865) se aproximava do fim, o exército do Norte ocupou definitivamente a cidade de New Orleans na Louisiana, um bastião dos esclavagistas. Ao fazê-lo desfilou vitoriosamente pela cidade. As damas brancas de New Orleans, incomodadas com o fim próximo do esclavagismo que se avizinhava, receberam no meio da rua os soldados nortistas, injuriando-os com as palavras obscenas mais vis conhecidas. No fim do desfile, o comandante das forças do Norte em New Orleans fez publicar um aviso à população aonde se lia algo como isto: Avisam-se as damas de New Orleans que se continuarem a comportar-se perante os nossos soldados como putas, os nossos soldados tratá-las-ão de acordo com esse status social assumido.

Recordei-me deste curioso episódio da Guerra civil, em que a postura do comandante citado foi aplaudida por Marx e Engels, por causa das deambulações europeias do Senhor Sarkozy e em particular a que ele fez à Republica da Irlanda, para dar uns açoites no povo irlandês por ele ter ousado pôr em causa o consensus de todos os políticos burgueses europeus sobre a bondade do Tratado de Lisboa, e a necessidade de o promulgar em toda a Europa dos 27. Foi o caso que, como conta o jornal o Avante! na sua edição de 31/07/2008, o povo irlandês recebeu Sarkosy com cartazes onde se lia: Sarkosy vai-te embora, o povo falou e Onde está a Carla? Claro que tratava-se de Carla Bruni a nova primeira-dama de França, uma interessante artista com vários predicados, que substituiu a anterior primeira-dama eleita com Sarkozy, e que resolvera que aquilo não era vida para ela, pois não lhe sobrava tempo para satisfazer os seus amantes.

Perante esta atitude do povo irlandês, um assessor de Sarkozy, pensando que estava na Place Pigalle em Paris, aonde a prostituição é uma terrível realidade, comentou: – Se os irlandeses querem a Carla têm de votar como deve ser no Tratado de Lisboa. Há tigre! Neste comentário não sabemos o que mais nos impressiona: se o tratamento provocatoriamente infantil dado ao povo irlandês, se a familiaridade ostensiva com que um assessor presidencial fala da primeira-dama em público, se este comparar de Carla Bruni às coelhinhas da Playboy que deixavam aos urros os soldados americanos no Vietnam nos idos da década de 70 do século passado, devido à longa privação de satisfação do apetite sexual próprio da Guerra.

Perante tudo isto não podemos deixar de estar de acordo com o que escreveu a este propósito o camarada Ângelo Alves na mesma edição do Avante!: Daqui expressamos a nossa solidariedade a Carla Bruni, transformada pelo assessor do marido em moeda de troca dum Tratado, e daqui agradecemos ao Presidente Sarkozy a clarificação sobre a forma como “se ouve e compreende” lá pelos lados do Eliseu e de Bruxelas.

Na verdade é necessário aplaudir esta agilidade com que Sarkozy, no exercício das suas altas funções, põe a mulher a render como qualquer reles proxeneta. Enfim já tínhamos tido um Presidente de França, François Mitterrand, que se julgava Sua Majestade o Rei Luís XV; depois tivemos outro, Jacques Chirac, que se julgava Sua Majestade o Rei Luís XIV, este de saudosa memória. Quem se julgará Sarkozy?