Encontrei-me com Paul Newman pela primeira vez numa sala de cinema, em “Os Milionários de Filadélfia”, e fiquei impressionado pelo seu talento. Depois vi muitos mais filmes, e tornou-se uma referência pessoal. Foi um dos maiores actores de sempre da História do Cinema, e para quem andar mais distraído, um dos seus mais poderosos realizadores.
Paul (Leonard) Newman nasceu a 26 de Janeiro de 1925 e como artista é um produto do Actor’s Studio de Nova York aonde estudou com o mítico Lee Strasberg. Entrou em mais de 60 filmes e ganhou um Óscar da Academia, dois globos de ouro, um prémio da Screen Actors Guild, um prémio do Festival de Cannes e um prémio Emmy, entre muitos outros prémios. Como actor e mais tarde realizador, as suas personagens eram criaturas ofendidas pela vida, lutando pela sobrevivência, num mundo hostil. A sua personagem mais extraordinária foi “Fast” Eddie Felson, que surgiu a primeira vez no filme “A Vida é um Jogo”, e que regressaria em a “A Cor do Dinheiro”. Mas não é menos imortal o seu papel de Luke em “Cool Hand Luke”, um cadastrado que não aceita ser tratado como lixo numa prisão, e encontra na fuga a forma de exprimir a sua revolta, até que é assassinado pelos guardas prisionais.
Fez muitos filmes, e trabalhou com os maiores actores e actrizes do seu tempo, e fica sempre esse monumento “Gata em Telhado de Zinco Quente” para mostrar a seu talento ao lado de Elizabeth Taylor, também ela uma das maiores estrelas de Hollyhood.
Paul Newman foi casado mais de 50 anos com Joanne Woodward, que bem pode ser considerada o “Marlon Brando de saias”, e que foi galardoada várias vezes com os mesmos prémios do marido. A vitalidade da sua relação mútua num ambiente onde as relações extraconjugais são o normal, mereceu um dia de Paul o seguinte comentário: “Para quê procurar Hamburger fora de casa, se tenho bife do lombo cá dentro?”.
Quando esta brilhante actriz se encontrava em dificuldades de fazer cinema, o marido resolveu o problema, salvando-a da morte profissional. Realizou com ela no papel principal “Raquel Raquel”, “O Efeito dos Raios Gama no crescimento das Margaridas” e “Algemas de Cristal”, três filmes e em especial os dois últimos que ao exibirem o elevado nível de Joanne Woodward, colocaram Paul Newman num nível muito elevado como realizador contemporâneo, tão elevado, que como realizador Paul Newman foi muito mais forte e poderoso do que como actor.
Era um homem progressista e foi durante o consulado de Jimmy Cárter embaixador nas Nações Unidas, aonde teve um papel curto, mas significativo. E deixa uma obra filantrópica interessante, tendo doado para cima de 220 milhões de US$. E é um lendário corredor de automóveis.
Morreu ontem, 26 de Setembro de cancro do pulmão com grande sofrimento. Com ele morre um pouco de nós próprios e da magia do cinema. Para nossa memória fica uma filmografia notável que o tornou imortal. E que nós continuaremos a ver com respeito e com imensa saudade.
Sem comentários:
Enviar um comentário