terça-feira, 23 de setembro de 2008

"Fait Divers" Políticos (III)

Das vantagens das Parcerias Civis

Um tema move o mundo mais que todos os outros: casar ou não casar os homossexuais, eis a questão. Preocupa mais certos círculos que a crise financeira que nos caiu em cima. Na medida em que está agendada para discussão na Assembleia da República a momentosa questão do casamento dos homossexuais, resolvi trazer-vos uma história que comoveu os USA, em particular o Estado da Califórnia, mais restrito ainda a cidade de Nuestra Señora de Los Angeles, e dentro dela Hollyhood: a paixão de Ellen Degeneres por Portia de Rossi, e/ou vice-versa (fotografia ao lado).

Estas duas senhoras, actrizes de 3ª ou 4ª classe, descobriram que se amavam perdidamente algures em 2004. No passado dia 16 de Agosto juntaram os trapinhos definitivamente, na sequência da decisão do Supremo Tribunal da Califórnia ter declarado inconstitucional o impedimento do casamento dos homossexuais, numa cerimónia visando a constituição de uma parceria civil. São alguns apontamentos de reportagem que vos mostro nos vídeos junto. Num dos vídeos mostra-se a reacção de alegria do público feminino presente no show de Ellen Degeneres, quando ela informou que se ia casar com Portia de Rossi. Seria interessante saber qual a percentagem de lésbicas presentes (homossexuais femininas, cuja designação resulta de na Grécia Antiga a poetisa Safo dirigir uma comunidade de mulheres que segundo se pensa se amavam entre si na ilha de Lesbos) …


Esta acção inscreve-se no processo em curso de promoção da homossexualidade em várias partes do mundo, a coberto da defesa dos direitos dos homossexuais a não serem perseguidos nem molestados pela sua diferença minoritária. Outros casos são por exemplo a afirmação pública da homossexualidade de Lindsay Lohan pela própria, uma actriz também de 3ª ou 4ª classe ou a horrorosa canção de Katy Perry, I kissed a girl (Eu beijei uma rapariga). Aliás de uma aparente luta legítima pela afirmação e conquista de um espaço público que lhes era negado, estas manifestações cada vez mais parecem maneiras de retirar benefícios pecuniários não insignificantes da própria disposição sexual.




A homossexualidade foi sempre uma questão perseguida por estas bandas e também nos USA. Os casos de Oscar Wilde e Alain Turing fazem parte da História infame do Reino Unido. Alain Turing suicidou-se por não aguentar a perseguição de que foi vitima enquanto homossexual, sendo um dos maiores génios da matemática do século passado. Curiosamente as lésbicas não foram perseguidas por estes lados porque a Rainha Vitória impedia a criminalização do lesbianismo, dizendo que não compreendia como duas mulheres se podiam envolver sexualmente uma com a outra. Curiosamente também quando se conta esta história, ninguém comenta que a imperial rainha ou sabia de menos, ou sabia de mais, embora não exista qualquer evidência que suporte ir mais além.


A questão do casamento é uma questão curiosa. O casamento romântico característico do nosso tempo, naturalmente heterossexual, sucedeu a um negócio entre famílias, aonde a mulher perdia sempre, pois normalmente era a moeda de troca de todo o processo. Porém este casamento romântico ainda hoje tem muito de relação civil entre um homem e uma mulher. Mas atendendo a que o casamento já não é o que era, devido às investidas legislativas de que tem sido objecto, penso que não se devia pensar em casamento para os homossexuais, mas sim parcerias civis para todos os que o desejassem viver juntos, hetero ou homossexuais, ou sem qualquer relação de carácter sexual. Assim acabava-se com aquela discussão insuportável da especialíssima diferença místico-religiosa entre a objectiva parceria civil que é o casamento e as outras, imprópria duma sociedade laica. E assim deixávamos de ter este tema em carteira para debate, os seus agentes deixavam de explorar a nossa boa fé, e passariamos a ter o tempo todo para nos dedicar a tempo completo às questões realmente importantes.

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