domingo, 11 de setembro de 2011

Reflexões Estratégicas Domésticas VII

p23foto3AVANTE 2011: A Festa e a Luta que se perfila

Na tarde de sexta feira dia 2 de Setembro começou a realização na Quinta da Atalaia no Seixal da que é a maior romaria laica em Portugal: A Festa do Avante 2011. Trata-se duma grande manifestação da força militante do colectivo partidário que é o Partido Comunista Português, e uma afirmação da nossa vontade em garantir que o povo português possa exercer o seu direito a protestar contra as medidas do actual Governo. Este não só aplica as medidas da Troika de espoliação das conquistas dos trabalhadores, consequência da Revolução de Abril, para garantir o bem estar dos grandes interesses financeiros.

Portugal e o(a)s portuguese(a)s encontram-se num dos momentos mais difíceis da sua História como consequência de através de eleições terem entronizado um Governo que se propôs defender, não os interesses dos cidadãos deste país, mas os interesses do grande capital financeiro internacional. Na verdade anteriores governos decidiram contrariamente aos nossos interesses: a destruição do aparelho produtivo em todas as frentes, e a aceitação de pagamentos aos produtores para não produzir, indo atrás das mirificas propostas de desenvolvimento duma economia terciária e do conhecimento, nunca realizada; uma divida externa que não parou de crescer pois as importações e.g. de produtos alimentares antes deficitárias aumentaram dramaticamente; favorecimentos aos grandes interesses económicos com a criação de parcerias público-privadas ruinosas e infestação do aparelho de Estado por elementos do partido no poder com funções mais que discutíveis e que se duplicavam entre si. Perante o descalabro das contas públicas que estas medidas geraram, o grande capital financeiro internacional exigiu que as dividas fossem pagas e tudo isso à custa da pauperização dos cidadãos, visto que a via escolhida é uma via financeira e não um via de desenvolvimento económico, reforço da produção, pondo Portugal a produzir.IMG_0054 (1)

Para atingir estes objectivos o Governo em funções seguindo na peugada do Governo dito Socialista que o precedeu, iniciou um dos maiores ataques de que há memória aos bolsos dos trabalhadores de que há memória, quer os do activo, quer os reformados. É uma espoliação sem precedentes começada pelo Governo de José Sócrates com o corte de 10% dos salários da função pública e continuado pelo Governo de coligação com o roubo de metade do subsídio de Natal, seguido pelo agravamento do IVA para o Gás e a Electricidade, a degradação e agravamento dos pagamentos para utilização de serviços públicos.

Estas medidas resultam do acorde de subserviência às políticas impostas pelo Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu, a famigerada TROIKA externa. O desplante destes senhores não tem limites: antes obrigaram o Governo da Altura a aceitar a destruição da economia produtiva; hoje depois de nos terem emprestado dinheiro à tripa-forra, declaram que não temos sistema produtivo que permita pagar o que devemos, e obrigam-nos a vender em Hasta pública internacional os nossos bens. E a TROIKA interna, PPD/PSD, PS e CDS aceitam tudo de boa mente.

abertura_festa_avante_2011_jsComo não actua pelo lado da Economia o Governo não entende que tais medidas têm consequências recessivas. De facto ao espoliar estratos intermédios da população com um maior poder de compra, este é reduzido e agrava-se a situação de crise de superprodução e aumentando ipso facto o desemprego, pois no sector produtivo não havendo quem compre não é necessário produzir mais, e no sectores dos serviços se ninguém os comprar é impossível pagar salários. Aumenta assim a miséria, a a que o Governo de Direita responde  com um assistencialismo  boçal, retirando a cidadania aos trabalhadores, e.g. os de mais baixa condição, e reduzindo-os a dependentes dos que se dedicam à caridade pública.p06foto4

Nesta perspectiva compete aos trabalhadores lutar contra este estado de coisas e exigir a ser respeitado o seu direito à cidadania, que contém o direito a um salário decente para afirmação da sua independência face ao poder económico, a prestações sociais adequadas, e o direito à saúde, à Educação e à segurança Social, e.g. o direito a uma reforma digna. E é isto que os Sindicatos de classe já prepararam para 1 de Outubro, sendo necessário mobilizar, mobilizar, mobilizar, contrariando alguma eventual descrença que se instale no seio dos trabalhadores.

E foi na altura em que é necessário programar o caos que temos a Festa do Avante!. É uma festa cultural e política. A Grande Gala de Ópera, entre outras realizações culturais, mostrou que o Palco 25 de Abril é já hoje uma referência incontornável da música erudita em Portugal, e que desfaz uma ideia feita de que o pessoal não se mobiliza em grande número para estas realizações. A grande Ópera foi sempre considerada algo de só acessível por minorias: mas os milhares de presentes no espectáculo da noite de 2 de Setembro na Atalaia estavam realmente apaixonados e vibraram em uníssono com os interpretes.

p24foto2Mas o lado político foi determinante. A Festa foi como de costume inaugurada pelo camarada Jerónimo de Sousa que no seu discurso reforçou a ideia que esta Festa era um espaço para garantir o debate e o reforço da nossa capacidade de luta, através de debates específicos e claramente direccionados. E foi encerrada também por Jerónimo de Sousa que depois duma brilhante análise da situação que vivemos, apelou à mobilização e a luta para ultrapassarmos esta situação grave que estamos a viver. Pelo meio tivemos debates e exposições sobre os centenários dos escritores camaradas Alves Redol e Manuel da Fonseca, sobre oos 140 anos da Comuna de Paris e um debate sobre a situação grave que se vive na Eslováquia aonde se pretende criminalizar o Comunismo.

E assim a Festa cumpriu todos os seus objectivos, lúdicos e políticos, reforçando a ligação entre todos os que lá foram. Para o Ano há mais, e se não morrermos antes, lá estaremos!!!

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