sábado, 21 de março de 2009

Acontecimentos Políticos Hilariantes (V)

Governo Sócrates: A demagogia tem limites!!!

A decisão do Governo Português de permitir que os detentores de crédito imobiliário, caso tenham entre os seus dependentes desempregados, de deixarem de pagar durante ano e meio metade das suas prestações, constitui uma decisão altamente hilariante, não fora as suas terríveis consequências.

Na verdade a situação económica internacional aponta para um aprofundamento da crise. É claro como a água hoje que as medidas no plano internacional e dentro de cada país não conseguem estancar a deriva para fundo do abismo, que parece inatingível. Se por enquanto ainda se vê actividade económica, tal deve-se a que muitas pessoas ainda trabalham, a maioria, e gastam o pouco que têm, pois não sabem o que os espera no futuro, e se poderão gozar a vida ou não.

A aceleração do processo, para a desgraça total, parece estar escrito no futuro, e o colapso generalizado deve dar-se na próxima rentrée. Como é evidente toda esta perspectiva consumar-se-á porque as altas esferas do capitalismo se recusam a fazer aquilo que já todos perceberam tem de ser feito, porque tais medidas condirão a prazo à descaracterização completa do Sistema: este teria de equacionar que já não era bem a mesma coisa, e transformar-se num sistema de democracia avançada a caminho do Socialismo.

Neste quadro os altos dirigentes fazem múltiplas reuniões, e a vários níveis em que manifestamente não se entendem. E as medidas a cumprir são simples: é preciso pôr dinheiro nos bolsos dos trabalhadores, em vez da estrutura bancária, estancar o desemprego. Mas esta questão tão simples tem implicações estruturais profundas, porque transfere a responsabilidade de salvação da crise para os capitalistas.

Como não se fazem as coisas certas, é de esperar um agravamento das condições de vida dos trabalhadores, uma consequente quebra na produção de bens, o consequente desemprego e a fome generalizada. Pensar que dentro de ano e meio os trabalhadores estarão em melhor situação, e actuar em consequência, é uma brincadeira de mau gosto e só pode provocar esgares. Aqueles que estão hoje desempregados e só na Grã-Bretanha já são 2 milhões, no futuro próximo vão sentir-se ainda mais acompanhados, pois no fim do ano este número vai subir para 3 milhões.

A decisão do Governo Sócrates é altamente lesiva dos interesses dos trabalhadores e muito particular dos que têm de pagar prestações de crédito imobiliário. Como alguém já demonstrou, daqui a ano e meio estas pessoas têm de pagar o que não pagaram, mais os juros do mesmo capital. Se eles já hoje não podem pagar, em condições de vida agravadas como vão então fazê-lo? Em vez de tentar salvar os bancos pagando a estes, por cima dos contribuintes, o valor dos activos tóxicos, aquilo que os devedores não estão em condições de pagar, mas mantendo os devedores essa sua qualidade, os governos desta civilização ocidental mas bem pouco cristã, deveria fazer duas coisas:

  • Pagar as prestações em vez dos devedores que não estivessem em condições de o fazer, ficando estes cada vez mais livres da dívida;
  • Fazer uma reavaliação de todas as dividas, pela sobrevalorização do empréstimos, e o diferencial entre o que as casas valem hoje e a divida que os devedores contrataram, ser imediatamente pago pelos governos, deixando os devedores com mais ar para respirar.

Claro que isto é um outro sistema social. Mas para o atingir é preciso a mobilização dos trabalhadores. A manifestação da CGTP na passada semana com mais mas muito mais de 200 000 manifestantes tem de ser o caminho da mobilização para que estes autores de graças de mau gosto não estejam em condições de as produzir.

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