domingo, 8 de março de 2009

Reflexões Estratégicas Globais (IV)

Escócia: A Carta do Povo Escocês

O aprofundamento da Crise em na Grã-Bretanha, aonde são esperados até ao findo ano 3 milhões de desempregados, e o esforço de salvamento dos bancos, à custa do erário público, ou seja da criação de riqueza dos trabalhadores, começa a preocupar as forças políticas progressistas do país. Na Escócia, o Comité Escocês de Representação dos Trabalhadores (Scottish Labour Representation Commitee) aonde se encontram representadas várias forças político-partidárias através de militantes sindicalistas, incluindo o ramo escocês do Partido Comunista da Bretanha (Communist Party of Britain) resolveu produzir a Carta do Povo Escocês (Scottish People’s Chart).

Oiçamos a apresentação do SLRC, que tem como jornal o The Citizen:

O SLRC original foi formado em 1900 para lutar pela representação política dos trabalhadores. No ano anterior, em 1899, o TUC Escocês (Trade Union Congress — Confederação dos Sindicatos Britânicos) juntou as uniões filiadas, a divisão escocesa do ILP e outras sociedades socialistas para coordenar a campanha para a representação através do Comité Parlamentar dos Trabalhadores Escoceses que mais tarde se juntou ao LRC.

Então como hoje, incerteza económica, desemprego e disrupção social ameaçava os trabalhadores. Hoje os que causam a crise, os banqueiros e os seus apoiantes corruptos estão a ser salvos nas costas da riqueza criada pelos trabalhadores. O LRC escocês foi reformado para que haja a certeza que a sua voz é ouvida ao promover um fórum onde socialistas e outros preparados para argumentar em defesa de um outro tipo de sociedade podem não só falar em conjunto, mas também actuar em conjunto em campanhas conjuntas como a Cartga do Povo Escocês.

Nós precisamos de:

·         Uma política económica baseada na propriedade pública e no controle democrático das secções chaves da economia, incluindo o fim de mais privatizações e PFIs, investimento directo em alojamento e serviços públicos camarários, a renacionalização dos caminhos de ferro, apoio para o serviço público de rádio e televisão e o desenvolvimento duma politica de ambiente e energia baseada na sustentabilidade ecológica e as necessidades das comunidades;

·         Uma política social baseada na redistribuição de riqueza e poder, incluindo a restauração total dos direitos dos sindicatos e um aumento no salário mínimo, uma pensão estatal decente e a restauração da sua ligação aos vencimentos, a restauração de bolsas estudantis, o fim das propinas suplementares e a selecção em educação, a restauração de poder local efectivo, a defesa dos direitos dos que pedem asilo, e a continuação da luta contra o racismo, a xenofobia e as ideias feitas contra os que têm deficiências;

·         Uma política estrangeira baseada na Paz, desarmamento nuclear, direitos humanos, o fim do apoio do Partido Trabalhista à direita do Partido Republicano nos USA, a retirada unilateral das forças Britânicas no Iraque, e a luta contra a globalização das grandes corporações.

Apresentado o SLRC, vejamos as grandes linhas de

A Carta do Povo Escocês

Nós precisamos de Mudança. Nós precisamos de Esperança.

Nós precisamos de uma Escócia mais justa e uma Bretanha mais justa.

Uma economia mais justa para uma sociedade mais justa:

Impostos progressivos sem fugas ou paraísos fiscais. Devemos possuir e controlar os bancos principais. Garantir todas as pensões, as hipotecas e poupanças. Indexar pensões e benefícios aos salários. Dar aos pensionistas transporte e aquecimento grátis. Aumentar o salário mínimo.

Mais e melhores empregos:

Defender e melhorar o emprego. Fazer um investimento massivo em novos postos de trabalho, particularmente em tecnologias verdes para beneficio das nossas crianças.

Casas decentes para todos:

Criar 250 000 novas casas de propriedade pública na Escócia nos próximos cinco anos. Parar com a retoma de casas. Controlar as rendas.

Salvar e melhorar os serviços:

Energia, Telecomunicações, Água e Transporte possuídos pos todos nós. Fim de fazer do NHS (National Health Service, Serviço Nacional de Saúde). Apoio aos trabalhadores do serviço público.

Para equidade e justiça

Igualdade para todos. Todos juntos contra racismo e descriminação. Salário igual para as mulheres. Terminemos com a pobreza infantil Libertem-se facilidades para jovens e crianças, educação e estágios para todos. Revogação das leis anti-sindicalismo para se lutar contra a pobreza e desigualdade.

Um futuro melhor começa agora:

Não mais sangue e dinheiro par a guerra. Regresso das tropas a casa. Não mais £biliões para armas nucleares. Não à renovação do Trident. Queremos investimento massivo num mundo mais verde e protegido. Façam desaparecer a economia da divida na Grã-Bretanha e perdoem as dividas dos pobres do Planeta.

A Carta do Povo Escocês constitui um documento impressionante, quando se sabe que em toda a Grã-Bretanha morrem todos os anos milhares de velhos pensionistas por não terem dinheiro para pagar aquecimento; aonde há 130 000 crianças que vivem ao relento por não terem alojamento; e aonde há já mulheres a porem os maridos fora de casa por estes estarem desempregados.

Esta carta exprime uma característica curiosa da sua paternidade: contrariamente ao que afirmou Lenine, o movimento operário britânico continua a organizar-se politicamente nos sindicatos e as organizações politicas e os seus dirigentes só têm legitimidade interna se surgirem duma legitimidade eleitoral da Classe Operaria. Esta tradição cartista pré-marxista se tem algumas virtualidades corre o risco de não ir muito longe, pois a acção politica se deve estar ancorada às organizações de massas dos trabalhadores não pode ser limitada por estas, pois a acção politica tem de transcender o movimento sindical como o afirmou Lenine no Que Fazer?.

De qualquer forma este documento se for seguido pode ter consequências muito importantes, conforme foi afirmado na Conferência do Morning Star escocês, The Economic Crisis: Who is to fix it?, sob a égide do CPB, que decorreu no passado domingo dia 1 de Março nas instalações do STUC de Glasgow, com a participação de várias organizações politicas comprometidas com este documento. É uma importante contribuição para a luta de todos nós, e esperamos que cumpra os seus objectivos.

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