quinta-feira, 19 de março de 2009

"Fait Divers" Políticos (VII)

Rania al Abdullah: A visita duma Rainha diferente

Na passada segunda-feira os portugueses e as portuguesas tiveram a visita oficial dos Reis da Jordânia ao nosso país. Foi uma visita com algum alarido, embora isso não tivesse sido provocado pelo Rei mas sim pela Rainha, Rania al Abdullah referenciada já neste blog como a mulher mais bela do mundo. Foi de tal monta, que até parecia que a visita era de Sua Majestade Rania, e que esta vinha acompanhada pelo marido. O carácter pós-moderno deste casamento foi particularmente gritante, e isto deve ser assinalado como sendo uma manifestação do carácter avançado de ambas as Suas Magestades, e em particular do Rei Abdullah II, que está sob fortissima pressão para se ver livre da Rainha Rania.

A visita teve as habituais cerimónias protocolares, que incluíram as habituais conversas entre políticos de topo. Mas houve também a cerimónia da entrega do prémio Norte-Sul do Conselho da Europa à Rainha pelo excelente trabalho realizado na Jordânia pela promoção das Mulheres árabes, e pelo reforço do dialogo cultural entre o Ocidente e o Mundo Árabe. Este prémio foi igualmente atribuído ao Presidente Jorge Sampaio, também presente na cerimónia.

No seu discurso de aceitação a Rainha mostrou a sua proverbial elegância, e superiores sabedoria e capacidade politica, ao evocar os Descobrimentos Portugueses e a capacidade da cultura portuguesa no seu relacionamento com o mundo ter sido uma cultura de integração. Segundo Sua Majestade este facto torna ainda mais exigente o papel de Portugal do mundo hoje, aonde é necessário estabelecer novas pontes entre culturas que alguns pretendem disjuntas e pouco amigas. Foi tão brilhante que Jorge Sampaio estava perfeitamente comovido. O Parlamento ficou babado, e contemplou embevecido esta deusa descida à Terra, um acontecimento não-trivial pois não acontece todos os dias.

Rania AlAbdullah deu-se ainda ao incómodo, que para ela é uma trivialidade, de ir visitar a Escola Miguel Torga para se inteirar do que é a nossa actividade nas áreas desfavorecidas. Deve ter ficado um pouco decepcionada, mas não podia esperar mais dum Governo que deixou no seu mandato aumentar o fosso entre os 5% mais desfavorecidos e os seus homólogos 5% mais favorecidos. Deve-lhe ter parecido ser mais fácil ir para o deserto fazer discursos para os beduínos a promover os direitos humanos, qual S. João Baptista que berrava para os que (não) o queriam ouvir: Ego vox clamantis in deserto: dirigite viam Domini!!!

Seria da máxima conveniência que o exemplo de Sua Majestade Rania frutificasse em Portugal e que estivéssemos mais atentos à resolução da exclusão. Neste momento isso deve ser um bocado difícil com o Governo a querer salvar os Bancos a todo o custo, em vez das pessoas. Mas um dia, que queremos próximo, lá chegaremos.

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